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São Vicente de Lérins

Monge e teólogo (†450)

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O Edito de Milão, promulgado em 13 de junho de 313, foi o documento proclamatório que registrou o acordo entre Constantino (imperador do Ocidente) e Licínio (imperador do Oriente) e determinava que o Império Romano seria neutro em relação ao credo religioso, acabando oficialmente com toda perseguição sancionada oficialmente, especialmente aos cristãos. A Igreja, então, pôde se manifestar abertamente, tornando-se parte da nova sociedade que nascia das cinzas do império romano secular. Com a popularização do cristianismo, muitos cristãos sentiram um desejo mais pungente de “desapego do mundo”, preferência pelo “deserto”, isto é, à quietude da vida contemplativa. Esta tendência foi traduzida em várias formas de vida monástica ou comunitária. Muitos escolheram o verdadeiro deserto, como o abade de Santo Antão e outros colocaram o mar entre eles e a sociedade tumultuada e se refugiaram em ilhas.
Dentre os principais refúgios monásticos do século V estava a ilha de Lérins, no Mediterrâneo, em frente a atual cidade de Cannes, na França. Fundado por Santo Honorato, futuro bispo de Arles, o mosteiro de Lérins tornou-se um berçário de bispos, santos e escritores. O nome mais famoso que saiu desta “escola de santos” é São Vicente de Lérins.
Vicente viveu nos anos de luta da Igreja contra a heresia pelagiana. Nascido ao norte da França, talvez na Bélgica, chegou um dia a Lérins. Não existem muitos registros sobre sua vida. Alguns registros encontrados em Lérins, escritos por ele mesmo, induzem a crer que seu irmão era bispo de Troyes. E, ele decidiu abandonar a vida desregrada e combativa do exército para “espantar a banalidade e a soberba de sua vida e para dedicar-se somente a Deus na humildade cristã”. Ingressou nesse mosteiro, fundado por santo Honorato, já em idade avançada. Ali se ordenou sacerdote e foi eleito abade, pela retidão de caráter e austeridade de vida religiosa. Vicente despontou na vida monástica como teólogo e escritor famoso, grande reformador do mosteiro de Lérins. Sua fama está ligada a um livreto sobre a tradição da Igreja, intitulado Commonitoriumm, escrito em 434, também conhecido como “manual de advertência aos hereges”. Mais tarde, Roberto Belarmino definiu essa obra como “um livro de ouro”, porque estabelece alguns critérios básicos para viver integralmente a mensagem evangélica. Com seus escritos ele forneceu uma arma muito eficaz contra “fraudes e armadilhas de hereges”.
Profundo conhecedor das Sagradas Escrituras e dotado de uma grande cultura humanística, os seus escritos são notáveis pelo vigor e estilo apurado, e pela clareza e precisão de pensamento. As obras possuem grande relevância contra a doutrina herética, e outros textos cristológicos e trinitários. Sua obra, em especial a “Advertência aos hereges” teve uma grande difusão e repercussão, atingindo os nossos dias.
Enaltecido pelos católicos e protestantes, porque traz toda a doutrina dos Padres analisadas nas fontes da fé cristã e todos os critérios da doutrina ortodoxa, Vicente era um grande polemista, respeitado até mesmo por São Jerônimo, futuro doutor da Igreja, seu contemporâneo. Os dois travaram grandes debates através de uma rica correspondência, levando luz a muitas divergências doutrinais.
Vicente de Lérins teve seu reconhecimento exaltado pelo próprio antagonista, que fez questão de incluí-lo num capítulo da sua famosa obra “Homens ilustres”.
Faleceu no Mosteiro de Lérins em 450.

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