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Oração do dia
Meditação do diadomingo 29 Novembro

Este tempo nos torna presentes os dois adventos de nosso Senhor

Deveis saber, caríssimos irmãos, que este santo tempo, a que chamamos Advento do Senhor, tem duplo significado. Nossa alegria, por isso, deve ser dupla, como é duplo o benefício que ele nos traz.
Este tempo nos torna presentes os dois adventos de nosso Senhor. Primeiro, o dulcíssimo advento pelo qual o Filho de Deus, o mais formoso dentre os filhos dos homens, o Desejado de todas as nações, para salvar os pecadores, manifestou a este mundo sua presença longamente esperada e ardentemente desejada por todos os patriarcas. Segundo, aquele outro advento, que devemos aguardar com firme esperança e considerar frequentemente com lágrimas; nele o mesmo Senhor nosso, que antes veio oculto na carne, virá manifesto em sua glória, como dele canta o salmo: Deus virá manifestamente, isto é, no dia do Juízo, ao vir claramente para julgar-nos.
Sua primeira vinda foi conhecida de poucos justos. Na sua segunda vinda, aparecerá manifestamente aos justos e aos réprobos, como insinua o profeta, ao dizer: “E toda carne verá a salvação de Deus”. Propriamente falando, assim como o Natal, que celebraremos brevemente em memória do seu Nascimento, celebra o Cristo nascido, isto é, comemora o dia e a hora em que veio ao mundo, assim o tempo que celebramos antes desse dia celebra-o como Desejado, fazendo-nos reviver o desejo dos nossos santos patriarcas que existiram antes da sua vinda.
Portanto, determinou a Igreja com sabedoria que neste tempo recitemos as palavras dos que antecederam a primeira vinda do Senhor e revivamos os seus desejos. E não celebramos o seu desejo só por um dia, mas por tempo mais prolongado, pois o objeto dos nossos desejos, quando tarda, parece, ao chegar, mais doce ao nosso amor.
Devemos, pois, irmãos caríssimos, seguir o exemplo dos santos patriarcas e reviver os seus desejos, para acender em nosso coração o amor e o desejo do Cristo. Saibamos que para isto foi instituída a celebração deste tempo: para considerarmos o desejo que nossos patriarcas tiveram da primeira vinda de nosso Senhor e para aprendermos, por seu exemplo, a nutrir um grande desejo do seu segundo advento.
Cumpre-nos meditar todo o bem que nos fez o Senhor com sua primeira vinda, e quanto mais nos fará com a segunda. Inspirados por essa meditação, amemos muito o seu primeiro advento e muito desejemos o segundo. E, se não temos a consciência tão tranquila para ousarmos desejar a sua vinda, devemos pelo menos temê-la e corrigir-nos, por este temor, dos nossos vícios. Assim, se agora não podemos deixar de temê-lo, tenhamos confiança, e não tenhamos medo ao menos quando vier.

Santo Elredo de Rievaulx
Sermão 1 – De Adventu Domini: PL 195,209-210
Abade Cisterciense († 1167)

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