Eu me fiz de tudo para todos
Existem três tipos de homens misericordiosos. Os primeiros dão seus bens com o objetivo de suprir as carências de outros com o que lhes sobra. Os segundos distribuem todos seus bens e para eles, a partir de agora, têm tudo em comum com o outro. Quanto aos terceiros, eles não só dão tudo de si, mas se entregam eles mesmos por inteiro e se entregam pessoalmente aos perigos da prisão, do exílio e da morte, para afastar os outros do perigo em que se encontram suas almas. Eles próprios são pródigos, porque estão ansiosos pelos outros. Receberão a recompensa desse amor porque não há amor maior do que dar a vida por aqueles a quem se ama...
Tais são esses gloriosos príncipes da terra e servos do céu onde hoje – depois de longas privações, fome e sede, frio e nudez, duras fadigas e perigos de seus compatriotas, pagãos e falsos irmãos – celebramos sua morte vitoriosa. A tais homens se aplica bem esta frase: Suas obras não caem no esquecimento, porque não esqueceram a misericórdia.
Sim, o destino que espera aos misericordiosos é esplêndido; sua herança, magnífica.
Bem-aventurado Isaac da Estrela
De origem inglesa, foi abade cisterciense do mosteiro de Estrela, França († 1178?).