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Oração do dia
Meditação do diaquarta 27 Outubro

Que ganho e que perda!

A maturidade do homem jamais poderá substituir, nem mesmo conter aquela visão de mundo que se abre no frescor do olhar de uma criança: o mundo, então, essencialmente novo, inocente, paradisíaco, estava cheio de prodígios sobrenaturais e naturais, tudo era possível, tudo estava perto de Deus. A nostalgia da infância irrecuperável não é mero romantismo, mas também pode ser profundamente fundamentada no cristianismo.

O milagre cristão consiste, com efeito, na recuperação de toda a duração temporal. O ingresso na Igreja pela porta do batismo é um entrar de novo no Paraíso; este só é acessível para crianças, pelo  “pequeno caminho” que nos permite “remontar” novamente a vertente do tempo perdido. Mas, o homem não é meramente uma criança. 

Em seguida, vem a juventude com os seus entusiasmos, seus medos e seus desamparos, com a primeira experiência do abismo humano, com o patético instante em que se percebe e compreende a vocação, instante em que o homem faz sua escolha de vida: quanto ganho e quanta perda! Escolher pressupõe liberdade, mas também confiança, esperança, entrega. Acreditar, esperar e amar são coisas humanas; e humano é da mesma forma, dar-se plenamente na maturidade, sacrificar-se para uma tarefa, encontrar o todo na parte. Humanos são a alegria e o risco da responsabilidade; e inclusive são humanos os amargos consolos do fracasso humano, que demonstram ao homem que ele não está à margem, mas que ele continua sendo homem com seus irmãos.

Hans Urs Von Balthasar

Verbum Caro (Encuentro, Madrid 2001) 80-81.

Teólogo católico suíço (1905-1988).

 

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