Na imensidão da América do Norte, no território que hoje pertence à Nova York nascia no ano de 1656 uma menina indígena. Seu pai era da tribo dos Iroqueses, sua mãe pertencia à etnia dos algonquinos. Embora seu pai fosse pagão, sua mãe havia recebido a primeira evangelização e se tornara cristã. Quando Catarina atingiu a idade de quatro anos, sua família foi dizimada por uma epidemia de varíola: uma das tantas novas doenças que os colonizadores europeus trouxeram consigo e que chegaram a dizimar tribos inteiras. A própria Catarina, embora tenha sobrevivido, sofreu as consequências da doença ficando com o rosto visivelmente marcado. Outro membro da família, um tio materno, a acolheu em sua casa. Aí transcorreu toda sua infância, dedicada aos afazeres domésticos. Graças à influência de sua mãe, Catarina professava a fé cristã. Dedicava-se a recolher galhos secos pela floresta que serviriam de lenha para atiçar o fogo da lareira e da cozinha; em outras horas do dia, dedicava-se à confeccionar utensílios domésticos junto com as tias e com uma irmã adotiva: a venda desses objetos redundava em uma fonte de renda importante para a família. Conforme o uso da cultura indígena, Catarina aprenderá também a manusear e a confeccionar bolsas e sapatos com as peles de alce e de búfalo, animais abundantes nas terras do Norte. Ela cresceu sem frequentar a escola; amava, no entanto, a vida solitária e o trabalho quotidiano: nessa vida de silêncio e trabalho, Deus foi tocando seu coração e Catarina ia cultivando as virtudes cristãs em sua vida. A centelha que iria incendiar o espírito de Catarina foi produzida pela chegada de três padres da Companhia de Jesus que foram acolhidos na casa de seu tio. Durante o breve tempo em que os missionários ali estiveram, falaram com a jovem sobre Deus e seu amor infinito para com suas criaturas, especialmente os seres humanos. Durante essas conversas, Catarina se convenceu que Deus a chamava apensa para si e, contrariando totalmente os costumes de sua gente, decidiu em seu coração manter-se casta para o Senhor. Sua família, porém, já estava contando com as alianças e os dotes que poderia receber de um casamento da jovem Catarina com algum caçador ou bravo guerreiro. Quando a família revelou suas intenções para a jovem, Catarina ficou transpassada: deixou entender claramente que jamais se casaria. Mesmo assim, as tias tentaram traçar um estratagema para vencer a vontade de Catarina: sem que a jovem soubesse, começaram a mimá-la com presentes e a convidaram para se sentar no lugar de honra, como era costume da tribo; outras pessoas foram chegando com presentes, mas quando Catarina percebeu que o jovem que deveria tomá-la como esposa se aproximava dela, ela se levantou e fugiu dali às pressas. A partir daí, ela foi tratada com muita dureza por toda a tribo. Diante do sofrimento, era comum ela buscar refúgio no Senhor, visitando com frequência a capela que os missionários haviam erigido na aldeia. Apesar de toda sua atitude cristã, Catarina não era ainda batizada, pois seu tio não havia concedido a permissão. De fato, muitos indígenas que haviam abraçado a fé cristã, para não sofrer represálias dos outros membros da tribo, migraram para as terras mais ao Norte, onde hoje é o Canadá. Nessas terras os jesuítas mantinham alguns centros de catequese e evangelização, e as conversões iam aumentando dia-a-dia. Certo dia, ainda na aldeia de Catarina, um missionário jesuíta se apresentou para confortar os doentes e visitar as crianças. Aproveitando da ausência dos membros da tribo, que haviam se ausentado em virtude da caça e do trabalho nos campos, esse padre jesuíta encontrou a jovem Catarina, que pôde narrar toda a sua trágica história. Disse-lhe também de seu grande desejo de receber o batismo. O padre comovido com história tão singela e de fé profunda. Por prudência seu batismo ainda teve que esperar cerca de um ano. Então na páscoa de 1676, após várias insistências dos missionários, Catarina pôde receber enfim seu batismo. Se tudo ia bem no início, aos poucos a família da jovem mudou de ânimo e começou a tratar Catarina com indiferença. Por vezes se negavam em dar comida à jovem. Mais uma vez a jovem índia resiste de maneira admirável aos ataques à sua fé. Suas tias chegaram ao cúmulo de contratar crianças para que ela fosse insultada e apedrejada na aldeia diante de todos. A certo ponto das perseguições, Catarina entendeu que a aldeia não era mais um lugar seguro para viver as virtudes cristãs e nem para preservar sua castidade: ela temia que usassem de violência para com ela. Tomou a decisão de fugir. Em meio à fuga, Catarina foi perseguida e, apenas por um milagre, não foi capturada pelo seu tio. Conseguiu chegar ao Canadá e aí encontrou uma missão dos jesuítas onde pode finalmente viver dedicada à oração. Finalmente aí pôde fazer sua Primeira Comunhão no Natal de 1677, fato que a marcou profundamente. Apesar de ainda ter que superar algumas provas – chegou a ser acusada falsamente por outra índia enciumada de sair às escondidas com seu marido – Catarina deus mostras de grande fé, chegando a se consagrar à Virgem Maria em 1679. Sua morte ocorreu no inverno do ano seguinte, assistida pelos padres da missão. Junto de seu túmulo houve peregrinações de houve notícias de milagres atribuídos à sua intercessão. Em 1980, São João Paulo II a beatificou e no ano de 2012, o Papa Bento XVI a canonizou.
Santa Catarina Tatakwitha
Virgem (†1680)

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