Aleteia logoAleteia logoAleteia
Quarta-feira 24 Abril |
Aleteia logo
Oração do dia
Festividade do diaHistórias de Santos

Santo Inácio de Constantinopla

Patriarca de Constantinopla († 877)

WINDOW

Public Domain

Inácio, cujo nome batismal era Nicetas, era descendente de uma família nobre: era filho do imperador bizantino Miguel I e de Procópia. Seu avô materno era o imperador Nicéforo I, o Logóteta. Em 813, quando seu pai foi deposto do trono, ele e seu irmão foram castrados à força (tornaram-se, assim, incapazes de se tornar imperadores, pois o cargo não poderia ser ocupado por eunucos), tonsurados e trancados em um convento.
Nicetas tornou-se monge e tomou o nome de Inácio. Foi eleito abade de seu mosteiro, em 846, e fundou três mosteiros na Ilhas dos Príncipes, um lugar frequentemente escolhido para exilar membros tonsurados da casa real.
Em 4 de julho de 847 a imperatriz-mãe, Teodora, designou Inácio, para suceder ao patriarca Metódio I. Inácio era um homem piedoso, mas muito rigoroso. Zelou pela reforma da Igreja e as discussões pelo culto às imagens lhe criaram muitos inimigos e o forçaram a uma vida sempre cheia de conflitos. Neste mesmo ano o Patriarca se envolveu no conflito entre os estuditas (monges do Mosteiro de Estúdio) e os moderados sobre a questão de depor ou não os clérigos que tinham cooperado com as políticas iconoclastas no passado. Inácio tomou a posição dos conservadores estuditas. Em 848, depôs o arcebispo de Siracusa, Gregório Asbestas, o líder do partido moderado. Asbestas apelou ao Papa Leão IV. Inácio não conseguiu obter o apoio necessário de Roma e até descobriu que um partido anti-inaciano estava se formando na corte. Assim, iniciou o período tensão entre a Igreja de Roma e a Igreja de Constantinopla.
As relações com os chefes de estado foram gradualmente ficando mais difíceis, pois Inácio era um crítico feroz do regente César Bardas. Inácio perdeu apoio após o imperador Miguel III, o Ébrio e César Bardas terem removido Teodora da corte, em 857. Neste mesmo ano Inácio, recusou publicamente a comunhão a Bardas, que era tio do imperador Miguel III. ( que na época contava com dezesseis anos). Bardas convenceu o imperador a remover Inácio: acusações foram feitas contra o patriarca e ele foi deposto e mandado para o exílio. Talvez tenha sido o próprio bispo que renunciou e, embora os detalhes da história não sejam totalmente claros, também poderia ter sido uma medida temporária, mas, de qualquer jeito, foi o suficiente para Bardas substituir Inácio por seu secretário, o leigo Fócio.
O novo patriarca, sendo consagrado por Gregório de Siracusa, imediatamente se colocou em conflito explícito com Inácio e as disputas que se travavam era calorosas. Fócio era, sob muitos aspectos, um candidato ideal, altamente educado, religioso e muito capaz como administrador, mas se deixava manobrar pela facção da corte, não apenas para se vingar de Inácio, mas também para confirmar sua autoridade sobre a Igreja, enfraquecendo, em particular, a posição dos rigoristas que queriam uma Igreja totalmente independente do Estado.
Do contraste entre Fócio e Inácio, nasceu o chamado cisma de Foz entre Constantinopla e Roma (tradicionalmente considerado no Ocidente como uma tentativa do patriarca de obter total independência do Papa, é historicamente mais explicável como uma luta de poder dentro da própria Igreja do Oriente). Ambos os lados apelaram ao papa Nicolau I, que mandou enviados para investigar toda a questão. De Roma, o papa declarou nula a sentença de Inácio e convocou um Concílio em Roma no anos de 863, reintegrando o patriarcado de Inácio e depondo Fócio e todos aqueles por ele nomeados. Tal decreto não foi obedecido e, na verdade, foi pretexto para novos desentendimentos: quando os pregadores latinos eram enviados à Bulgária os recém-batizados ficariam sob a obediência do Papa ou do Patriarca? De quem dependeriam os missionários, do Papa ou do Patriarca, que historicamente era responsável por aquelas terras? A atmosfera era incandescente e, em 867, aconteceu um Concílio em Constantinopla. Lá apresentaram-se novas revoltas repentinas: Basílio, o macedônio, depois de subir ao trono pelo assassinato de Miguel III, restabeleceu Inácio no lugar de Fócio e, finalmente, pelo menos da nossa parte, o IV Concílio de Constantinopla (869-870, oitavo concílio ecumênico de Igreja) excomungou Fócio, restaurando oficialmente Inácio como Patriarca.
Retomando seus deveres com zelo e energia inalterados, embora nem sempre com prudência, Inácio incentivou o príncipe Boris da Bulgária a expulsar padres e bispos latinos de seus territórios e substituí-los por gregos enviados por ele. Em 870, consagrou um arcebispo e bispos para os assentos búlgaros e o papa João VIII o ameaçou de excomunhão.
Em 877, os delegados papais chegaram à cidade imperial com um ultimato, mas descobriram que Inácio já havia morrido, em 23 de outubro, no mosteiro dos Santos Arcanjos, construído pelo próprio patriarca. Fócio o sucedeu, e ele próprio, que havia sido tão inimigo, o canonizou, enquanto outro Concílio de Constantinopla, realizado em 879-880 e no qual os delegados papais também participaram, revogou o que havia sido estabelecido no Concílio anterior.
A indubitável santidade pessoal de Inácio, sua coragem em reprovar a imoralidade de pessoas que ocupavam altos cargos e sua paciência durante a perseguição são as qualidades que o tornaram santo. Na Igreja Oriental, ele é venerado junto com Fócio, embora os dois tenham sido grandes adversários em questões importantes da vida.

Descubra outros santos clicando aqui

Top 10
Ver mais