São Tiago das Marcas

Giacomo della Marca nasceu em Monteprandone em 1 de setembro de 1393, ou seja, em uma região muito influenciada pela espiritualidade franciscana, como mostra, por exemplo, a vida do Beato João de La Verna e de Santa Camélia Battista da Varano.
Depois de completar seus estudos fundamentais em Ascoli, formou-se em Direito, na cidade de Perugia, por volta de 1412. Advogou em Bibbiena, na Toscana como juiz e depois como notário na secretaria municipal de Florença. Tendo grande amizade com os franciscanos locais, e meditando sobre os mistérios redentores que o inspiraram com a visão do Monte Alverne, acabou entrando para Ordem dos Frades Menores, em julho de 1416. No noviciado foi aluno de Giovanni da Capestrano e de São Bernardino da Siena. Em 1423 foi ordenado sacerdote.
Em 1430, fundou, juntamente com o próprio São Bernardino de Siena, o Santuário de Maria Santíssima del Lattani, em Roccamonfina.
Em 1432 foi enviado para a Europa Oriental e seus sucessos não tardaram, por isso, ao final de 1435, Sigismundo de Luxemburgo, rei da Hungria, o convocou para sua residência de Tata, em Buda, como consultor do Concílio de Basileia e representante do Reino da Boêmia, onde a heresia hussita ainda estava muito viva. A partir desse momento, sua ação anti-herética se espalhou da Bósnia à Hungria, onde foi pregar contra os hussitas fugindo da Boêmia.
Em agosto de 1436, o papa nomeou-o inquisidor da Áustria e da Hungria, concedendo-lhe amplos poderes e permitindo-lhe erigir novos conventos naquelas terras. O apoio do Imperador e do Papa, bem como o título de consultor do Concílio de Basileia, no entanto, não foram suficientes para garantir-lhe intocabilidade e não só recebeu grande perseguição da parte do clero local, como tentaram matá-lo várias vezes. Sofreu também excomunhão por parte de Simon, arquidiácono de Bacs. Assumiu também a tarefa de pregar em favor da cruzada contra os turcos. Para este propósito foi nomeado núncio apostólico por Eugênio IV, em 1443.
Um pregador muito sagaz, foi indicado por sua ordem para lidar com heresia Bogomil na Bósnia e as doutrinas dos Hussite, na Áustria e Boêmia. A convite do Papa Pio II, participou do Conselho de Mântua em 1459, convocado para realizar uma cruzada contra os turcos.
Graças à sua intervenção como pacificador, as cidades de Fermo e Ascoli, eternas inimigas, estipularam uma paz histórica em 1446 e depois em 1463. Um selo desta proeza está no emblema de cada uma das duas cidades, onde está representado o outro antigo inimigo.
Fundou alguns conventos na Europa central, espalhando também a devoção do nome de Jesus. Participou do Concílio de Florença no encontro entre a Igreja Latina e as Igrejas Orientais.
Embora imerso em tantos esforços, trabalhou para construir basílicas, conventos, bibliotecas, poços e cisternas. Elaborou os Estatutos Civis – ele frade – de onze cidades enquanto esperava para fundar novas confrarias – figurando como um precursor das associações católicas – e também encontrou tempo para escrever 18 livros, mostrando-se um gênio universal.
Também foi convidado para ser arcebispo de Milão, mas ele recusou o cargo. Entre as atividades de sua última fase de sua vida deve-se mencionar a criação da biblioteca do convento de Santa Maria delle Grazie, em Monteprandone, onde o santo foi capaz de reunir cerca de duzentos codices. Constituíram uma verdadeira oficina do pregador, contendo modelos e esboços de sermões, coleções de passagens escriturísticas, exemplares e escritos teológicos e jurídicos.
Morreu em Nápoles no dia 28 de novembro de 1476. Seu corpo foi enterrado na igreja de Santa Maria La Nova, em Nápoles.
Em 2001 seu corpo foi transferido para o santuário “Santa Maria delle Grazie”, por ele consagrada em 1449, em Monteprandone, Itália.
Foi beatificado em 12 de agosto de 1624 pelo Papa Urbano VIII e canonizado pelo Papa Bento XIII em 10 de dezembro de 1726.