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Oração do dia
Meditação do diaquinta 29 Setembro

“Houve uma batalha no céu: Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão”(Ap 12,7). 

Na perfeição de sua natureza espiritual, os anjos são chamados desde o início, em virtude de sua inteligência, a conhecer a verdade e amar o bem que conhecem na verdade de uma maneira muito mais completa e perfeita do que é possível ao homem. Este amor é um ato de livre-arbítrio, para o qual também para os anjos a liberdade significa a possibilidade de fazer uma escolha a favor ou contra o Bem que eles conhecem, ou seja, o próprio Deus.[...] 

De fato, como diz claramente o Apocalipse, o mundo dos espíritos puros aparece dividido em bons e maus. Pois bem, esta divisão não foi feita pela criação de Deus, mas baseada na liberdade da natureza espiritual de cada um deles. Foi feita através da escolha, que para os seres puramente espirituais têm caráter mais radical do que a do homem e é irreversível, dado o grau de intuição e penetração do bem, de que é dotada a inteligência deles. A este respeito, deve-se dizer também que os Espíritos puros foram submetidos a um teste de caráter moral. Foi uma escolha decisiva, em primeiro lugar, em relação ao próprio Deus, um Deus conhecido de maneira mais essencial e direta do que é possível ao homem, um Deus que havia dado a esses seres espirituais o dom, antes do homem, de participar de sua natureza divina.

No caso dos espíritos puros, a escolha decisiva diz respeito, sobretudo, ao próprio Deus, primeiro e supremo Bem, aceito e rejeitado de modo mais essencial e direto do que pode acontecer no âmbito da ação do livre arbítrio do homem. Os espíritos puros têm um conhecimento de Deus incomparavelmente mais perfeito que o homem, porque com o poder de sua inteligência, não condicionados ou limitados pela mediação do conhecimento sensível, eles veem até o fundo a grandeza do Ser infinito, da primeira Verdade, do sumo Bem. A esta sublime capacidade de conhecimento dos espíritos puros, Deus ofereceu o mistério da sua divindade, tornando-os participantes, pela graça, da sua glória infinita. Precisamente em sua condição de seres de natureza espiritual, há em sua inteligência a capacidade, o desejo dessa elevação sobrenatural a que Deus os havia chamado, de torná-los, muito antes do homem, “participantes da natureza divina”, participantes da vida íntima daquele que é Pai, Filho e Espírito Santo, daquele que, na comunhão das três Pessoas divinas, “é Amor”. Deus havia admitido todos os espíritos puros, antes e em maior grau do que o homem, à eterna comunhão de Amor.

A opção feita com base na verdade de Deus, conhecida de maneira superior pela lucidez de suas inteligências, dividiu também o mundo dos espíritos puros em bons e maus. Os bons escolheram Deus como o Bem supremo e definitivo, conhecido à luz da inteligência iluminada pela Revelação. [...] Como entender essa oposição e rebelião a Deus em seres dotados de uma inteligência tão viva e enriquecidos de tanta luz? Qual pode ser a razão dessa opção radical e irreversível contra Deus, de um ódio tão profundo que pode parecer fruto da loucura? Os Padres da Igreja e os teólogos não hesitam em falar de “cegueira”, produzida pela supervalorização da perfeição do próprio ser, levada ao ponto de velar a supremacia de Deus que exigia, em vez disso, um ato de dócil e submissão obediente. Tudo isso parece sucintamente expresso nas palavras “Eu não servirei a você!”, que manifestam a recusa radical e irreversível de participar na edificação do Reino de Deus no mundo criado. “Satanás”, o espírito rebelde, quer seu próprio reino, não o de Deus, e se coloca como o primeiro “adversário” do Criador, como oponente da Providência, como antagonista da sabedoria amorosa de Deus. 

 

São João Paulo II

Audiência Geral de 23 de Julho de 1986.

Primeiro Papa polonês da história. 

Seu pontificado foi o terceiro mais longo da história (1920-2005).

 

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