Fazei o que ele vos disser...
O Senhor, está escrito, foi ao casamento para o qual havia sido convidado. O Filho de Deus foi pois a esse casamento para santificar com sua presença o matrimônio que já havia sido instituído. Ele foi a um casamento da antiga lei para escolher no povo pagão uma esposa que permaneceria sempre virgem. Ele, que não nasceu de um casamento humano foi à boda. Foi ali não para participar de um banquete festivo, mas para revelar-se por um prodígio verdadeiramente admirável. Foi para lá não para beber vinho, mas para dá-lo. Porque, assim que os convidados ficaram sem vinho, a Bem-aventurada Maria disse-lhe: “eles não têm mais vinho”. Jesus, aparentemente aborrecido, respondeu: “Mulher, o que há entre mim e ti?” […]. Ao responder: “a minha hora ainda não chegou”, certamente anunciava a hora gloriosa da sua Paixão, ou então o vinho difundido para a salvação e para a vida de todos. Maria pediu um favor temporal, enquanto Cristo preparou uma alegria eterna. No entanto, o Senhor em sua bondade não hesitou em conceder essas pequenas coisas até que as grandes chegassem. A Bem-aventurada Maria, porque ela era verdadeiramente a mãe do Senhor, viu pelo pensamento o que estava por vir e conhecia de antemão a vontade do Senhor. É por isso que ela se encarregou de alertar os servos com estas palavras: “fazei o que ele vos disser”. Sua santa mãe certamente sabia que a palavra de reprovação de seu filho e Senhor não escondia o ressentimento de um homem enraivecido, mas continha um mistério de compaixão [...]. E de repente a água começou a receber força, a mudar de cor, a espalhar um bom odor, a adquirir sabor e, ao mesmo tempo, a mudar totalmente de natureza. E essa transformação da água em outra substância manifestou a presença do Criador, porque ninguém, exceto aquele que criou a água do nada, poderia transformá-la em outra coisa.
São Máximo de Turim
Homilia: O vinho novo da verdadeira alegria
Homilia 23: PL 57, 274.
Bispo de Turim e mártir (†Século V)