Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?... tu me amas?... tu me amas?

O sucessor de Pedro sabe que na sua pessoa e na sua atividade é a lei da graça e do amor que o sustentam, que lhe dão vida e embelezam tudo; e, diante de todo o mundo, é na troca de amor entre Jesus e ele, Simão Pedro, filho de João, que a santa Igreja encontra seu apoio, como um suporte invisível e visível: Jesus, invisível aos olhos da carne, e o Papa, vigário de Cristo, visível aos olhos de todo o mundo. Bem ponderado este mistério de amor entre Jesus e o seu vigário, que honra e que doçura para mim! Mas, ao mesmo tempo, que motivo de confusão pela pequenez, pelo nada que sou! Minha vida deve ser toda amor a Jesus e ao mesmo tempo uma efusão total de bondade e sacrifício por cada alma e pelo mundo inteiro. Nesse episódio [...] a passagem vai direto para a lei do sacrifício. É o próprio Jesus que o anuncia a Pedro: “Asseguro-te: quando eras jovem, tu te cingias e ias para onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos, outro te cingirá e te conduzirá para onde não queres”. Pela graça do Senhor ainda não entrei nessa "velhice", mas com meus oitenta anos já completados estou no limiar. Devo, portanto, estar pronto para este último período de minha vida em que me esperam limitações e sacrifícios, até mesmo o sacrifício da vida corporal e a abertura para a vida eterna. Oh Jesus, eis-me aqui para estender minhas mãos, minhas mãos já trêmulas e fracas, e permitir que outro me ajude a me vestir e me apoie ao longo do caminho. Senhor, ao dirigir-te a Pedro, acrescentaste: “te levará para onde não queres”. Oh, depois de tantas graças que me concedeste durante minha longa vida, já não há nada que eu não queira. És tu quem me abriste o caminho, ó Jesus; “Eu te seguirei por onde tu fores”.

São João XXIII

Diário da Alma: O que sustenta Pedro?

261º Papa da Igreja Católica. Convocou o Concílio Vaticano II (1881-1963)