João Orestes Maria Calábria, seu nome de batismo, nasceu em 8 de outubro de 1873, em Verona, Itália, sétimo filho de uma família cristã muito humilde. O pai, Luís, era sapateiro e a mãe, Ângela, uma empregada doméstica e cristã exemplar. Desde pequeno, João teve uma saúde frágil, agravada ainda pela grande fome que na sua infância atingira a região do Veneto, no norte da Itália, deixando-o subnutrido.
Quando o pai faleceu teve de interromper o quarto ano do ensino básico para trabalhar. Com a ajuda de padres amigos da família começou a estudar para entrar no seminário e em 1892 conseguiu ingressar no seminário de Verona. Muito preocupado com os necessitados, teve desde o início a preocupação de visitar os doentes, mas desdobrava-se na catequese das crianças abandonadas, as suas prediletas.
Em 1894 foi chamado para o serviço militar. Esta fase, segundo seus orientadores, seria interessante para colocar à prova a sua verdadeira vocação sacerdotal. Cedo foi seleccionado para a enfermaria do hospital militar onde se dedicou de corpo e alma a cuidar dos enfermos.
Ao fim de dois anos retornou ao seminário onde foi aprovado como noviço. Mas o seminarista Calábria nunca mais deixaria de visitar o hospital militar. Em 1901 recebeu sua ordenação sacerdotal.
Designado para exercer o ministério na diocese de Verona, deixou a sua marca de bom pastor em várias paróquias onde atuou. Em 1907 foi nomeado vigário da Reitoria de São Benedito ao Monte. Aí, devido à sua especial atenção para com as crianças abandonadas, criou no mesmo ano, uma casa de acolhimento chamada “Casa dei Buoni Fanciulli”, isto é, “Casa dos Bons Meninos” cuja sede foi mais tarde transferida para a cidade de São Zeno, onde hoje está a Casa-mãe. Em breve os lares para as crianças abandonadas foram-se estendendo por toda a Itália.
Devido a essa obra, João acabou a fundar também duas congregações religiosas. Primeiro a masculina: dos Pobres Servos da Divina Providência; logo depois o ramo feminino: das Pobres Servas da Divina Providência. A orientação básica que o fundador costumava repetir aos seus religiosos, colaboradores leigos e aos jovens dos lares que criou era muito simples, como foi toda a sua vida: “Sejam evangelhos viventes”. Com isso lhes pedia para encontrarem o amor de Deus vendo o irmão necessitado como a única fonte para poder sentir e demonstrar a verdadeira Paixão de Jesus Cristo pela humanidade.
João Calábria faleceu no dia 4 de dezembro de 1954 na Casa-mãe das suas obras, em São Zeno. O papa Pio XII, que na ocasião também estava doente, quando recebeu a notícia da morte de padre Calábria cuja vida acompanhou e admirava, assim o definiu: era um “campeão de evangélica caridade”.
Canonizado pelo papa João Paulo II em 1999, a data comemorativa oficial da memória de são João Calábria ocorre no dia 8 de outubro, e não em 4 de dezembro devido a uma autorização especial concedida pela Santa Sé a pedido das congregações. Expandidas por toda a Itália, atravessaram oceanos, estabelecendo-se no Uruguai, Brasil, Argentina, Paraguai, Chile, Colômbia, Angola, Filipinas, Índia, Rússia, Romênia e Quénia. Para além disso, floresceu também um ramo na América Latina: as Irmãs Missionárias dos Pobres, dando vigor e continuidade à obra do santo fundador.