Santa Gertrudes

Sabe-se que Gertrudes foi colocada pelos pais no mosteiro de Helfta, na Saxônia, quando tinha cerca de cinco anos, para que pudesse ser iniciada nos estudos e na vida monástica. Algumas fontes dão a entender que esse percurso não foi tranquilo, pois fazem alusão ao fato dela ter tido alguns momentos de “perturbação” na vida. Mas, atingindo a idade de 26 anos, ela se torna diferente, encontrado paz e luz; em suas próprias palavras, ela reconhece que o Senhor “mais reluzente que toda a luz, mais profundo do que qualquer outro segredo, começou docemente a apaziguar as perturbações que havia acendido em meu coração”. Essa mudança de comportamento surpreende a muitos no mosteiro. Ela mesma, Gertrudes, atribui isso a uma visão que teria tido. Efetivamente, as fontes históricas narram que, após essa mudança de vida, outros fenômenos excepcionais ocorrerão ainda: Gertrudes tem visões, êxtases, estigmas etc. Sabe-se também que algumas doenças físicas a acometerão e a deixarão muitas vezes prostrada. Mas, paradoxalmente, como ocorre frequentemente com os místicos, em vez de enfraquecê-la espiritualmente, as doenças aguçam cada vez mais seu espírito. Gertrudes deseja viver essas experiências místicas na mais profunda solidão e anonimato, mas as notícias de uma jovem que tem fortes arroubos místicos começam a deixar os muros do mosteiro: muitas pessoas querem vê-la, ou por curiosidade, ou buscando iluminação nas próprias vidas. A todos Gertrudes recebe e acolhe, tornando-se desse modo, importante divulgadora de uma espiritualidade baseada na humanidade de Jesus, e que se traduz numa imagem muito popular: o Sagrado Coração. Quanto completa 46 anos de idade, Gertrudes morre santamente dentro de seu amado mosteiro de Helfta. Apesar de sua fama de santidade, o reconhecimento oficial por parte da Igreja vem séculos depois: Santa Gertrudes é venerada como santa a partir de 1738 e é considerada uma das maiores místicas de todo o ocidente cristão.