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Meditação do diasegunda 24 Janeiro

O pecado contra o Espírito Santo

 

Tendo em conta tudo o que dissemos até agora, tornam-se mais compreensíveis algumas outras palavras impressionantes e surpreendentes de Jesus. Poderemos designá-las como as palavras do “não-perdão”. São-nos referidas pelos Sinóticos, a propósito de um pecado particular, que é chamado “blasfêmia contra o Espírito Santo”. [...] Por que a “blasfêmia” contra o Espírito Santo é imperdoável? Em que sentido entender esta “blasfêmia”? Santo Tomás de Aquino responde que se trata de um pecado “imperdoável por sua própria natureza, porque exclui aqueles elementos graças aos quais é concedida a remissão dos pecados”. Segundo uma tal exegese, a “blasfêmia” não consiste propriamente em ofender o Espírito Santo com palavras; consiste, antes, na recusa de aceitar a salvação que Deus oferece ao homem, mediante o mesmo Espírito Santo agindo em virtude do sacrifício da Cruz. Se o homem rejeita o deixar-se “convencer quanto ao pecado”, que provém do Espírito Santo e tem carácter salvífico, ele rejeita contemporaneamente a “vinda” do Consolador: aquela “vinda” que se efetuou no mistério da Páscoa, em união com o poder redentor do Sangue de Cristo: o Sangue que “purifica a consciência das obras mortas”.

Sabemos que o fruto desta purificação é a remissão dos pecados. Por conseguinte, quem rejeita o Espírito e o Sangue permanece nas “obras mortas”, no pecado. E a “blasfêmia contra o Espírito Santo” consiste exatamente na recusa radical de aceitar esta remissão, de que Ele é o dispensador íntimo e que pressupõe a conversão verdadeira, por Ele operada na consciência. Se Jesus diz que o pecado contra o Espírito Santo não pode ser perdoado, nem nesta vida nem na futura, é porque esta “não-remissão” está ligada, como à sua causa, à “não-penitência”, isto é, à recusa radical a converter-se. Isto equivale a uma recusa radical de ir até às fontes da Redenção; estas, porém, permanecem “sempre” abertas na economia da salvação, na qual se realiza a missão do Espírito Santo. Este tem o poder infinito de haurir destas fontes: “receberá do que é meu”, disse Jesus. Deste modo, Ele completa nas almas humanas a obra da Redenção, operada por Cristo, distribuindo os seus frutos. Ora a blasfêmia contra o Espírito Santo é o pecado cometido pelo homem, que reivindica o seu pretenso “direito” de perseverar no mal — em qualquer pecado — e recusa por isso mesmo a Redenção. O homem fica fechado no pecado, tornando impossível da sua parte a própria conversão e também, consequentemente, a remissão dos pecados, que considera não essencial ou não importante para a sua vida. É uma situação de ruína espiritual, porque a blasfêmia contra o Espírito Santo não permite ao homem sair da prisão em que ele próprio se fechou e abrir-se às fontes divinas da purificação das consciências e da remissão dos pecados.

 

São João Paulo II 

Encíclica “Dominum et vivificantem”, § 46

  1. ° Papa da Igreja Católica (1920-2005)

 

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