São Gerásimo

Por vezes os evangelistas descrevem Jesus como alguém que deseja a solidão, que quer ficar em intimidade com Deus, retirando-se para lugares desertos (cf. Mt 14,13). Esse “retirar-se” (em grego: anacoreo) de Jesus, inspirou um grande número de cristãos que ao se “retirarem” para a solidão do deserto, procuravam viver em intimidade com Deus. A esses monges, a tradição chamou de “anacoretas”. Gerásimo era um desses cristãos; nascido na Lícia, vivia como monge em sua região natal, até que, por volta do ano 450, se estabeleceu na Palestina, próximo ao Mar Morto, em busca do retiro e da solidão. Conheceu o monge Eutímio, o grande, que lhe influenciou grandemente no pensamento. Em meados de 455 Gerásimo se transferiu para as margens do rio Jordão e aí fundou um mosteiro para cenobitas, isto é, para aqueles monges que desejavam viver sua espiritualidade não na solidão, mas numa comunidade monástica. Além desse mosteiro, Gerásimo fundou vários eremitérios para aqueles que desejavam viver como anacoretas. Todos os anos, durante a Quaresma, Gerásimo ia até seu mestre Eutímio. Fazia um prolongado jejum que era quebrado apenas para receber a Eucaristia. Diz-se a propósito de Gerásimo que, seguindo o exemplo do Evangelho – onde se diz que Jesus viveu em meio a animais ferozes (cf. Mc 1,13) – lidou com animais ferozes. Certa vez um leão, atormentado por um espinho cravado em sua pata, foi curado pelo santo, que arrancou o espinho, procurando imediato alívio para o animal que, em contrapartida, tornou-se seu amigo. Esse episódio da vida do santo foi tão famoso que por vezes foi atribuído também a são Jerônimo. Segundo ainda a narrativa, o leão, ao saber da morte de seu amigo são Gerásimo, teria ficado tão triste a ponto ir visitá-lo em seu túmulo e aí, sobre a sepultura do santo, morrer. São Gerásimo morreu no dia 5 de março de 475. Por muito tempo o mosteiro fundado por ele foi frequentado por monges, até ser destruído em meados do século XIII.