Aquele que tomar sua cruz, me siga...

Ao se cumprir o misterioso desígnio de sua bondade, o Senhor assumiu a condição de escravo e dignou-se rebaixar-se até a morte de cruz. Para realizar em nossos corações, por meio de uma humilhação visível, essa sublimação celestial, invisível para nós. Considera, então, de que altura caímos desde o início, e entenderás que pela vontade da sabedoria divina e por sua bondade fomos restaurados à vida. Com Adão caímos no orgulho. É por isso que somos humilhados em Cristo para poder anular a antiga culpa com o remédio da virtude oposta, para que aqueles de nós que ofendemos a Deus com orgulho, o aplaquemos colocando-nos a seu serviço. Alegremo-nos e regozijemo-nos naquele que nos fez objeto de sua luta e de sua vitória, dizendo: “Tende coragem, eu venci o mundo” [...]. O invencível lutará por nós e vencerá em nós. Então o príncipe das trevas será expulso, embora certamente não do mundo, mas do homem, na medida em que a fé penetra em nós, ele é forçado a sair e deixar livre o lugar de Cristo; cuja presença põe em fuga o pecado e significa o banimento da derrota da serpente [...]. Que os oradores mantenham a sua eloquência, os filósofos a sua sabedoria, os reis os seus reinos; para nós a glória, as riquezas e o reino, é Cristo; nossa sabedoria é a loucura do Evangelho; a força é a fraqueza da carne, e a glória é o escândalo da cruz.

São Paulino de Nola

Carta 38, 3-4.6: PL 61, 359-360.

Em sua juventude foi cônsul e exerceu importantes cargos civis no Império Romano do Ocidente, até ser batizado. Foi bispo da Diocese de Nola, (355-431).