Santo Arsênio, o Grande

Nos primeiros séculos do cristianismo, uma das modalidades de mortificação que alguns cristãos procuravam com verto fervor era a vida retirada. Famosas são, nesse sentido, as histórias em torno da figura de Santo Antônio Abade, que viveu no deserto a vida eremítica, isto é, a vida solitária em busca de uma maior proximidade com Deus. A esses cristãos começou-se a dar o nome de “anacoretas”, isto é, aqueles que, seguindo as pegadas de Cristo se “retiravam” para o deserto. Um destes anacoretas é Santo Arsênio: viveu no Egito e se tornou um dos mais famosos “padres do deserto”. Mantinha uma rígida observância do silêncio e procurava com todas suas forças a vida solitária. Quando alguém o visitava, limitava-se a responde por meio de monossílabos. Consta ter nascido em Roma, em torno do ano 354; sua família, ao que tudo indica era de estirpe senatorial. Em sua juventude, segundo uma antiga tradição, foi ordenado pelo Papa Dâmaso. Sua fama foi grande, já que o próprio imperador Teodósio o chamou para Constantinopla para trabalhar como preceptor de seus filhos. Nessa cidade permaneceu por cerca de onze anos. A vida na corte o incomodava e, em meio a uma crise espiritual, resolveu fugir para o deserto. A tradição diz que ele teria ouvido uma voz interior que respondeu aos seus insistentes pedidos ao Senhor a propósito de um caminho seguro para chegar à salvação: “Foge dos homens” – teria dito a voz. Foi assim que ele se dirigiu até Alexandria, no Egito e se juntou à comunidade monástica de Scete, no meio do deserto. Uma vez aí dedicava-se a longas orações no coração da noite: sua oração, mais que com palavras, era feita com abundantes lágrimas. Terá morrido entre os anos 434 e 450 nas proximidades de Mênfis com grande fama de santidade.