Margarida nasceu no ano de 1247, em Laviano, uma pequena cidade a meio caminho entre Montepulciano e Cortona, na região da Toscana, Itália, em uma família de camponeses. Perdeu a mãe com apenas sete anos de idade. Seu pai se casou de novo e sua vida se tornou muito difícil, pois sua madrasta não lhe mostrou nenhuma atenção ou afeição.
Margarida era muito bonita, e aos dezoito anos, fugiu de casa para ir morar no castelo de um jovem nobre rico de Montepulciano, chamado Arsênio, que prometeu desposá-la. Apesar das repetidas promessas, nenhum casamento aconteceu, mesmo quando nasceu um filho dessa união. Por nove anos viveu uma vida despreocupada. Ganhava dinheiro para comprar joias e adornar-se. Tinha muito charme e era conhecida como ‘Senhora Montepulciano’, apesar de ser, de fato, concubina de Arsênio.
Em 1273, Arsênio foi assassinado, durante uma caçada, em circunstâncias misteriosas. Diz a lenda que seu cão veio buscar Margarida para levá-la ao corpo morto de Arsênio – daí as representações da santa, acompanhada por um cachorro. A vida de Margarida mudou radicalmente, pois foi expulsa pela família do pai de seu filho e não foi recebida ao tentar voltar para a casa paterna. Passou do conforto de uma vida mundana e cara para as más condições de uma mãe solteira, sem-teto e sem comida. Ficou sozinha com uma criança de seis anos morando na rua, sem dinheiro e abandonada.
Os acontecimentos levaram-na a confessar em público: “Em Montepulciano perdi a honra, a dignidade e a paz”. Margarida chegou a Cortona com seu filho quando tinha vinte e cinco anos de idade, disposta a encontrar trabalho como parteira. Em Cortona aconteceu sua metamorfose: arrependeu-se da sua vida passada, dirigiu-se ao Convento Franciscano de Cortona e aí encontrou apoio espiritual. O padre Giunta Bevegnati, franciscano, foi seu confessor e guia espiritual. Passados três anos de penitência, decidiu, em 1277, viver em pobreza como Irmã da Ordem Terceira Franciscana, e deixou seu filho entregue aos cuidados de outros franciscanos, em Arezzo. Entregou-se à oração e à caridade e conseguiu apoio para criação em 1278 da Confraria de Santa Maria da Misericórdia, uma espécie de hospital onde as mulheres, religiosas ou leigas, podiam assistir e cuidar de doentes, pobres e sem abrigo.
Depois de setecentos e cinquenta anos, o hospital ainda hoje existe mesmo que, com os propósitos de uma modernização radical, tenha mudado e esteja localizado em Valdichiana (Hospital Santa Margarida). As Irmãs Missionárias Franciscanas do Menino Jesus, que são cerca de setecentos e quarenta e oito (especialmente na Itália), continuam seu trabalho. A tradição religiosa católica recorda-a como protetora dos órfãos, mães solteiras, prostitutas, sem abrigo.
Margarida morreu em 22 de fevereiro de 1297. Seu corpo, encontrado intacto, descansa na igreja de Cortona. Depois da morte tornou-se popular o seu culto na cidade onde viveu até à morte. O Papa Leão X permitiu que a cidade de Cortona a recordasse com memória litúrgica no dia da sua morte – 22 de Fevereiro.
Em 1623 o Papa Urbano VII estendeu essa autorização a toda a Ordem Franciscana, mas só a 16 de maio de 1728 foi oficialmente canonizada pelo Papa Bento XIII.
Nas pinturas em sua homenagem aparece com hábito de franciscana e um véu branco, às vezes com um cachorrinho aos pés, ou então como penitente, contemplando a Cruz de Cristo e uma caveira.
Santa Margarida de Cortona
Religiosa Franciscana (†1297)

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