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Meditação do diaSexta-feira 23 Abril

Minha carne é o verdadeiro alimento

O Senhor não nos deixa sozinhos neste caminho. Ele está conosco; aliás, Ele deseja partilhar da nossa sorte até se identificar conosco. No diálogo que há pouco o Evangelho nos referiu, Ele disse: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele”. Como não se alegrar com uma promessa como esta? Contudo, ouvimos que, àquele primeiro anúncio, o povo, em vez de se alegrar, começou a discutir e a protestar: “Como esse homem pode dar-nos a sua carne a comer?”.
Na realidade, esta atitude repetiu-se muitas outras vezes ao longo da história. No fundo, poderíamos dizer que o povo não queira ter Deus tão próximo, ao seu alcance, tão partícipe de seus acontecimentos. O povo queria que ele fosse grande e, na verdade, também nós com frequência o queremos um pouco distante de nós. Então, levantam-se questões que pretendem demonstrar, no fim, que semelhante proximidade é impossível. Contudo, são muito claras as palavras que Cristo pronunciou naquela circunstância: “Em verdade, em verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes seu sangue, não tereis a vida em vós”. Na verdade precisamos de um Deus que esteja próximo.
Perante os murmúrios de protesto, Jesus poderia ter se conformado com palavras tranquilizadoras. Poderia ter dito: “Amigos não vos preocupem! Falei de carne, mas trata-se apenas de um símbolo. O que quero dizer é que se trata unicamente de uma profunda comunhão de sentimentos”. Mas, Jesus não recorreu a semelhantes atenuações. Manteve firme sua declaração, todo o seu realismo, mesmo diante da deserção de muitos dos seus discípulos. Aliás, demonstrou-se disposto a aceitar até mesmo a deserção dos seus próprios apóstolos, para não alterar em nada o concreto do seu discurso: “Não quereis também vós partir?”, perguntou. Graças a Deus, Pedro deu uma resposta que também nós, hoje, com plena consciência fazemos nossa: “Senhor, a quem iremos? Tens palavras de vida eterna e nós cremos e reconhecemos que és o Santo de Deus”. Precisamos de um Deus que esteja próximo, de um Deus que se coloca em nossas mãos e que nos ama.

Papa Bento XVI
Homilia da Solenidade de Corpus Christi, 29 de maio de 2005
Papa emérito da Igreja Católica (2005-2013)

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