São Raimundo Nonato

Ramón Nonato nasceu em Portell, na comarca da Segarra, na Espanha, no ano de 1204. Seu epíteto nonnatus (em latim: não nascido) deve-se ao fato do falecimento de sua mãe, antes de seu nascimento, o que fez com que fosse extraído do útero de sua mãe. Sua sobrevivência foi considerada rara à época.
Na adolescência, com a permissão de seu pai, ingressou na Ordem dos Mercedários, recém-fundada por São Pedro Nolasco. Tal ordem tinha como objetivo resgatar cristãos prisioneiros das mãos dos muçulmanos do Norte da África. Foi ordenado sacerdote em 1222, em Barcelona, Espanha. Dois ou três anos após sua ordenação recebeu da Ordem o encargo de ‘libertador ou resgatador dos cativos’. Foi enviado para Argel, no Norte da África, com soma considerável de dinheiro, onde resgatou numerosos cristãos feitos escravos. Quando o dinheiro acabou se ofereceu como refém em troca da liberdade de certos prisioneiros cuja situação era desesperadora e cuja fé se encontrava em grave perigo.
Seu sacrifício, no entanto, exasperou os infiéis que o trataram com extrema crueldade.
No entanto, seus superiores na negociação do resgate e temendo que a morte do santo não atingisse a soma estipulada pela liberdade dos prisioneiros que representava, exigiram que ele fosse tratado com mais humanidade. Com isto, o santo pôde sair para à rua e aproveitou para confortar e encorajar os cristãos, vindo até mesmo a converter e batizar alguns muçulmanos. Ao saber disto o governador geral o condenou à morte, mas aqueles que estavam interessados na soma de dinheiro correspondente a seu resgate conseguiram que a pena de morte fosse mudada para flagelação. São Raimundo não perdeu a coragem com isso, mas continuou com o trabalho de ajudar aqueles que estavam em perigo, sem perder a menor oportunidade de ajudá-los. Enfrentou grandes dificuldades, pois não tinha um centavo para resgatar os cativos e pregar o cristianismo para os muçulmanos equivalia a pena de morte. Contudo, nada o deteve diante o chamado do Senhor. Consciente do martírio eminente voltou a instruir e exortar tanto cristãos quanto muçulmanos pelas ruas. O governador, enfurecido com tanta audácia, ordenou que o santo fosse chicoteado em todas as esquinas da cidade e que seus lábios fossem perfurados com um ferro em brasa. Foi colocado um cadeado em sua boca, cuja chave era guardada pelo governador e só dava para o carcereiro na hora do almoço. São Raimundo ficou nessa situação angustiante por oito meses, até que San Pedro Nolasco finalmente conseguiu enviar alguns membros de sua ordem para resgatá-lo. San Ramon queria ficar para ajudar os escravos na África, no entanto, ele obedeceu a ordem de seu superior e pediu a Deus para aceitar suas lágrimas, já que ele não o considerava digno de derramar seu sangue pelas almas de seus próximos.
Ao retornar à Espanha, em 1239, foi nomeado cardeal por Gregório IX, mas permaneceu tão indiferente a essa honra que não almejava, que não trocou de roupa, sua pobre cela no convento de Barcelona ou seu modo de vida.
Em seguida, o papa o chamou para ir a Roma. São Raimundo obedeceu, mas empreendeu a viagem como o mais humilde dos religiosos. Deus permitiu que ele só chegasse a Cardona, cerca de dez quilômetros de Barcelona, aonde veio a falecer, com aproximadamente trinta e seis anos, surpreendido por uma violenta febre, no dia 31 de agosto de 1240. Cardona logo se tornou um destino de peregrinação. Ele foi sepultado na capela de San Nicolás de Portell.
Foi canonizado pelo papa Alexandre VII em 1657, celebrando sua festa em 31 de agosto. À época sua festa era de âmbito universal desde 1681, mas a reforma do calendário, devido à dificuldade de encontrar documentos fidedignos sobre sua vida, reduziu sua festa a culto local de 1969.