Meu Senhor e meu Deus!
Os apóstolos disseram a Tomé: “Vimos o Senhor”. Tomás respondeu: “Se eu não colocar o dedo nas feridas dos pregos e não por a mão em seu lado, não crerei”. Os evangelistas trazem-te a notícia, e tu não crês? O mundo creu e um discípulo não? Este dia que o Senhor fez ainda não havia chegado; as profundezas do coração humano estavam nas trevas. Venha aquele que está no auge do dia, venha e diga com paciência, com doçura, sem raiva, aquele que é quem cura: “Vem, toca, põe aqui teu dedo e não sejas incrédulo, mas sim um crente. Conhecia as tuas feridas, guardei para ti minha cicatriz”.
O discípulo, aproximando sua mão, pôde completar totalmente sua fé. O que é, de fato, a plenitude da fé? Acreditar que Cristo não é apenas homem, acreditar que Cristo não é apenas Deus, mas acreditar que ele é homem e Deus. Por isso, o discípulo que seu Salvador fez tocar os membros de seu corpo e suas cicatrizes exclama: “Meu Senhor e meu Deus”. Ele toca o homem e nele reconhece a Deus. Ele toca a carne e encontra a Palavra, porque a “Palavra se fez carne e habitou entre nós”. A Palavra suportou que sua carne fosse pendurada em uma árvore, a Palavra suportou que sua carne fosse colocada em uma sepultura. A Palavra ressuscitou a sua própria carne, mostrou aos seus discípulos, deixou-se tocar pelas mãos deles. Eles tocam e exclamam: “Meu Senhor e meu Deus!”.

Santo Agostinho
Sermão 258.
Bispo de Hipona.
É um dos quatro grandes padres da Igreja latina.
É Doutor da Igreja (354-430).