O Senhor do sábado...

Quando o homem se afasta da confusão do exterior, se retira para o segredo de seu coração, fecha a porta para a multidão das vaidades barulhentas, quando se afasta de seus tesouros, quando já não há mais nada nele agitado ou desordenado, quando suas ansiedades cessam, nada o constrange, ao contrário: quando tudo no homem é serenidade, harmonia, paz, tranquilidade, e quando todos os seus pequenos pensamentos, palavras e ações sorriem como se sorri para o pai de uma família que está reunida em paz, então nasce em seu coração, de repente, uma segurança maravilhosa. Desta segurança surge uma alegria extraordinária, e desse gozo surge um canto de alegria que se torna o louvor de Deus, tanto mais fervoroso quanto mais se sabe que todo o bem nos é dado por Deus. Esta é a alegre celebração do sábado, que é precedida pelos seis dias em que se realizam as obras. Primeiro devemos suar no cumprimento de nossas tarefas e boas obras, para depois podermos descansar em paz de consciência. Neste sábado, a alma prova “quão bom é Jesus” (cf. Sl 33).

Santo Elredo de Rievaulx

Espelho da caridade, III, 3. 4. 6

Abade cisterciense em Yorkshire e escritor eclesiástico (†1167)