“Muitos profetas e reis quiseram ver o que estais vendo”

 

Consideremos que depois de tantos séculos, tantos desejos e orações, o Messias, que nem os patriarcas nem os profetas viram, o desejado das nações, o Desejo dos montes eternos, nosso Salvador, veio finalmente: “nasceu, e se deu inteiramente”. 

O Filho de Deus se fez pequeno para nos dar sua grandeza; ele se entregou por nós, para que nós pudéssemos nos dar a ele; veio para nos mostrar o seu amor, para que respondêssemos ao seu com o nosso. Acolhamo-lo, pois, com afeto, amemo-lo, voltemo-nos para ele em todas as nossas necessidades [...]. 

Jesus veio sobre a aparência de uma criança, para nos mostrar o seu grande desejo de nos encher com os seus bens. Então “todos os tesouros estão encerrados nele”; o seu Pai celeste “entregou tudo nas suas mãos”. Desejamos a luz? Ele veio para nos iluminar. Desejamos mais fortaleza, para resistir aos nossos inimigos? Ele veio para nos fortalecer. Desejamos perdão e salvação? Ele veio para nos perdoar e nos salvar. Enfim, desejamos o dom supremo, o dom do amor divino? Ele veio para abrasar os nossos corações. Por tudo isto tornou-se uma criança: quis mostrar-se a nós em estado muito pobre e muito humilde, para banir de nós todo o medo e melhor ganhar o nosso afeto [...]. 

Todas as crianças provocam afeto em quem as vê; então, quem não amará com grande ternura a um Deus que se fez criança, alimentada com um pouco de leite, tremendo de frio, pobre, desprezado, abandonado, chorando e gemendo na manjedoura, sobre a palha? Este espetáculo levava São Francisco a exclamar: “Amemos o Menino de Belém! “Vinde, cristãos, vinde adorar um Deus feito criança, que se fez pobre por nós, um Deus todo amor, que desceu do céu para se entregar a nós inteiramente.

 

Santo Afonso Maria de Ligório

Terceira meditação para a Novena de Natal

Bispo, fundador dos Redentoristas, Doutor da Igreja (1696-1787).