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A Igreja acredita na magia? E a “magia branca”, é mais inofensiva?

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Padre Angelo Bellon, o.p. - publicado em 14/08/14
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Entenda por que o recurso a poderes ocultos é sempre perigosoPergunta:
 
Querido Pe. Angelo, sou uma jovem de 17 anos e participo de uma comunidade redentorista. Eu gostaria de lhe fazer muitas perguntas, mas agora vou fazer só a que mais me preocupa. Segundo a Igreja, a magia existe mesmo? Muitos filósofos afirmavam que, sem um oposto, não existe o outro (teoria dos opostos), mas, quando Satanás ainda era um anjo de Deus, existia somente o bem? Se for assim, como é possível, se o bem não pode existir sem que exista o mal?
 
Resposta do padre:
 
Querida:
 
1. Por “magia” se entende a prática ritual com a qual “se pretende domesticar os poderes ocultos para os pôr ao seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo” (Catecismo da Igreja Católica, 2117).
 
2. O pressuposto comum a todas as suas expressões é o convencimento da existência “de forças ocultas que influenciam a vida do homem e sobre as quais o operado (ou o beneficiário) da magia pensa poder exercer um controle mediante práticas rituais capazes de produzir automaticamente certos efeitos; o recurso à divindade – quando for o caso – é meramente funcional, subordinado a estas forças e aos efeitos desejados” (Conferência Episcopal Toscana, “A propósito da magia e da demonologia”. Nota Pastoral, 6). A magia não admite poder superior ao seu e afirma que pode obrigar os espíritos ou demônios invocados a manifestar-se e a levar a cabo o que se quer.
 
3. No passado, diferenciava-se a magia branca da negra. Com a magia branca, relacionavam-se todas as ações que produzem efeitos milagrosos aos olhos dos espectadores. À magia negra se dirigiam todas as ações que pretendiam obter efeitos extraordinários coma ajuda do diabo.
 
Quando estas ações eram realizadas para causar algum dano ao próximo, chamavam-se “malefícios”. A concepção antiga da magia branca é entendida hoje como ilusionismo, atividade em si mesma inofensiva, praticada inclusive por Dom Bosco. Segundo o Pe. Amorth, a magia assume diversas formas e pode ser dirigida a diferentes fins.
 
4. Atualmente, a magia branca é entendida como um rito dirigido a propiciar a saúde, a gravidez, um emprego, uma casa, as atividades comerciais, os animais. Este rito é considerado eficaz também para combater uma má sorte, eliminar feitiços, mal-olhados, ajudar os dependentes químicos a deixar o vício, proteger-se de vizinhos invejosos, de fofocas, das más línguas e também para libertar casas infestadas de espíritos, diabos e ruídos particulares.
 
5. O Pe. Amorth escreve: “No uso popular, por magia branca se entende eliminar os feitiços; a magia negra consiste em fazê-los. Mas, na realidade, não existe magia branca e magia negra: existe apenas a magia negra. Porque toda forma de magia é um recurso ao demônio. Assim, a vítima, se antes tinha um pequeno incômodo maléfico (o mais provável é que não tivesse nada desse tipo) volta para casa com um verdadeiro e autêntico malefício. Muitas vezes, os exorcistas têm mais trabalho em acabar com a obra nefasta dos magos que em curar o problema inicial” (G. Amorth, “Un esorcista racconta”, p. 66).
 
6. Sobre a teoria dos opostos, é preciso dizer que ela pode valer para as coisas criadas.
 
Se foi criado um “oposto”, o outro também deve existir. Além disso, o conceito de "oposto" evoca o de "limite". Um oposto, de fato, precisa do seu contrário. Mas isso não vale para Deus, porque é bem absoluto e perfeitíssimo, no qual não falta nada. E também porque, fora do seu ato criador, não existe nada.
 
7. É preciso recordar também que o mal não existe enquanto mal, mas como ausência de bem ou como um bem ao qual falta a perfeição que deveria ter.
 
8. Finalmente, entre as coisas criadas, Deus não criou os demônios em quanto tais, mas criou os anjos, alguns dos quais, por sua desobediência, se tornaram rebeldes. Estes anjos rebeldes, que permaneceram com uma vontade perversa e obstinada contra Deus e todas as suas criaturas, são os demônios.
 
Eu a coloco nas mãos de Deus e a abençoo.
Pe. Angelo
 
(Artigo publicado originalmente por Amici Domenicani)