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Papa Francisco tocou em assunto quase proibido – e a mídia fingiu que nem ouviu

POPE FRANCIS,COLOMBIA
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Francisco Vêneto - publicado em 28/11/17
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Por que não se fala disto? Só porque foi perpetrado pelos comunistas?Holodomor. O Papa Francisco recordou, no ângelus dominical de 26 de novembro de 2017, os cerca de 3,5 milhões de vítimas da fome que as políticas do ditador comunista soviético Joseph Stalin provocaram deliberadamente nos campos da Ucrânia, entre 1932 e 1933, para “coletivizar” fazendas de gado e terras agrícolas.

O abominável episódio foi o mais vultoso, mas não o único do gênero.

Além dele, 1,5 milhão de pessoas no Cazaquistão e quase outro milhão de habitantes do norte do Cáucaso e de regiões ao longo dos rios Don e Volga sofreram suplícios semelhantes. E na mesma época. Assim como no caso do Holodomor, o governo comunista também os provocou propositalmente.

Na mensagem ao povo ucraniano, o Papa Francisco mencionou explicitamente

“…a tragédia do Holodomor, a morte por fome que o regime estalinista provocou e que deixou milhões de vítimas. Rezo pela Ucrânia, para que a força da paz possa curar as feridas do passado e promover caminhos de paz”.

Holodomor

O genocídio ucraniano começou devido à resistência de muitos camponeses do país à coletivização forçada. Tratava-se de uma das bases do regime comunista, que impõe a supressão da propriedade privada. Os soviéticos confiscaram maciçamente o gado, as terras e as fazendas dos ucranianos. Além disso, impuseram punições que iam de trabalhos forçados ao assassinato sumário, passando por brutais deslocamentos de comunidades inteiras.

Apesar de ter-se tratado do extermínio sistemático de um povo, ainda não há, na assim chamada “comunidade internacional”, um reconhecimento amplo e claro do genocídio ucraniano. Algumas correntes ideológicas evitam o termo genocídio. Elas alegam que o Holodomor foi “apenas” uma consequência de “problemas logísticos” que ocorreram com as radicais alterações econômicas da União Soviética. Ou seja, uma coisa deixaria de ser essa coisa porque chegou a ser essa coisa como efeito colateral de alegadas boas intenções…

É bastante interessante observar que, recorrente e teimosamente, os defensores do comunismo confeccionam teorias suavizantes e condescendências “técnicas” para driblar a verdade sobre essa aberração histórica. No entanto, o comunismo jamais passou, nem poderia, de uma monstruosidade tão odiosa e criminosa quanto o nazismo.

Holodomor e Holocausto

Aliás, falando em nazismo, praticamente todo o mundo já ouviu falar do Holocausto. Muitíssimo menos gente, porém, já ouviu falar do Holodomor. Não se trata de comparar os horrores, mas de questionar o relativo silêncio em torno a este em comparação com a ampla divulgação que se dá àquele. Tampouco se trata de sugerir que qualquer desses episódios atrozes seja “menos grave” ou “mais grave” que o outro. Afinal, só há relativização moral do extermínio humano na mente de quem o instrumentaliza.

Mas é fato que praticamente todo o mundo que tem acesso à mídia já ouviu dizer que Hitler matou 6 milhões de judeus nos campos nazistas de concentração e extermínio entre 1933 e 1945. Mesmo nisto, porém, há uma lacuna muito importante a destacar. As pessoas, em geral, sabem que esse extermínio atingiu majoritariamente o povo judeu. Muitíssimos, no entanto, não sabem que ele também se estendeu a grupos bem menos recordados, como ciganos, poloneses, prisioneiros de guerra soviéticos, deficientes físicos e mentais, homossexuais…

Além disso, o Holocausto também matou vítimas católicas clamorosamente e propositalmente “esquecidas”. São Maximiliano Kolbe e Santa Teresa Benedita da Cruz são dois exemplos ilustres, dentre muitos outros. Eles bastam, no entanto, para desmascarar a campanha de desinformação orquestrada por quem acusa a Igreja de ter sido “cúmplice” daquela carnificina.

Genocídio comunista

Não se diminui em nada, portanto, a necessidade imperiosa de reconhecer o covarde horror que o povo judeu e outras minorias sofreram sob a perseguição nazista. No entanto, é igualmente necessário observar que muitíssimo menos gente já ouviu dizer que, pouco antes, Stalin matou 6 milhões de ucranianos, cazaques e outras minorias soviéticas mediante a imposição da fome massiva.

Também são muito poucos, ainda, os que sabem dos outros 14 milhões de pessoas que o comunismo assassinou só na União Soviética. E isto sem falar do restante de vítimas, numa lista estarrecedora de seres humanos que o mesmo comunismo exterminou no mundo todo ao longo do século XX:

  • 65 milhões na República Popular da China
  • 1 milhão no Vietnã
  • 2 milhões na Coreia do Norte
  • 2 milhões no Camboja
  • 1 milhão nos países comunistas do Leste Europeu
  • 1,7 milhão na África
  • 1,5 milhão no Afeganistão
  • 150 mil na América Latina
  • 10 mil como resultado das ações do movimento internacional comunista e de partidos comunistas fora do poder.

Quem estimou esta soma petrificante de 94,4 milhões de pessoas exterminadas pelos regimes comunistas foram os autores de “O Livro Negro do Comunismo: Crimes, Terror, Repressão“. É uma obra coletiva de professores e pesquisadores universitários europeus encabeçados pelo francês Stéphane Courtois.

O livro é de 1997. Portanto, ele obviamente não computa as mortes que o comunismo perpetrou de lá para cá nas regiões que continuaram sujeitas a esse regime e aos seus métodos opressivos. É o caso da China e da Coreia do Norte, os exemplos mais emblemáticos. Mas também é o cenário de regiões que retrocederam na sua trajetória democrática para reeditar essa histórica aberração, como a Venezuela de Chávez, Maduro e seus comparsas do Foro de São Paulo.

Holodomor e omissão da mídia

Nesta época, as farsas de viés socialista voltam a se apresentar ao mundo como “libertadoras do povo”. Novamente, vide Venezuela. Mas vide também as modalidades de “fatiamento da riqueza” praticadas por governos de ideologia socialista em países como Cuba, Argentina e mesmo o Brasil.

As “grandes” TVs, jornais e revistas costumam “evitar” a verdade sobre o comunismo. As críticos à “grande mídia” enfatizam que ela omite esses dados da História porque está a serviço desse mesmo projeto de poder. E não é exatamente um poder “do proletariado”, como prega, descaradamente, a sua propaganda.

A este propósito, aliás, nunca é demais recordar o magistral resumo feito por George Orwell sobre a “igualdade” realizada pelo comunismo:

Todos são iguais, mas alguns são mais iguais que outros“.

Nesse contexto ideológico e de tergiversação dos fatos, o Papa Francisco merece aplausos por dar nome aos bois. E não é a primeira vez. Ele também foi claro ao chamar de genocídio outra chacina da qual o mundo até recentemente “se esquecia”: aquela que a Turquia otomana perpetrou contra a Armênia cristã em 1915.