Um dos países em que há mais discriminação contra os cristãos está sendo o palco de um grande esforço por uma nova convivência Ano de 1219: em meio às Cruzadas, um de seus mais respeitados participantes, São Francisco de Assis, oferece uma histórica contribuição para promover a paz, sob as bênçãos do Papa Honório III.
Ano de 2019: celebram-se os 800 anos daquele encontro extraordinário entre São Francisco de Assis e o sultão do Egito, Malik Al-Kamil, abrindo um dos mais relevantes precedentes para o diálogo inter-religioso entre islâmicos e cristãos.
O “Pobrezinho de Assis” tinha ido até Damietta, a poucos quilômetros de distância do Cairo, para conversar com o sultão num gesto inesperado, que, no entanto, durante muito tempo, foi considerado por muitos analistas como um “fracasso”.
São Francisco desejava ir até os muçulmanos “sem bolsa nem alforje”, apenas com a “arma” do respeito fraterno para fomentar entendimento: uma lógica que deixava perplexos os seus contemporâneos – e que continua deixando atônitos muitos também dos nossos.
É para recordar esse episódio de magnanimidade que, neste ano, por iniciativa da Conferência dos Bispos do Paquistão, uma série de importantes celebrações pretende relançar a mensagem universal do compromisso comum pela paz.
A abertura deste ano dedicado ao diálogo ocorreu em Lahore com a presença de dom Sebastian Shaw, arcebispo dessa importante cidade paquistanesa e presidente da Conferência Episcopal do Paquistão, e do padre Francis Nadeem, Custódio dos Frades Capuchinhos paquistaneses e secretário executivo da comissão episcopal para o diálogo inter-religioso. Além de numerosos franciscanos, religiosas, sacerdotes e leigos católicos, estiveram presentes estudiosos muçulmanos de várias regiões do país.
Durante o evento, em que foi apresentada uma bela pintura retratando o encontro de 800 anos atrás, o pe. Nadeem recordou que São Francisco e Al-Kamil “se uniram em favor da paz e da tolerância em meio à atmosfera de guerra e conflito durante as Cruzadas. Deram exemplo de diálogo inter-religioso e de compreensão recíproca“.
O sacerdote anunciou para 2019 diversos seminários para crianças, jovens e estudantes universitários, envolvendo cada vez mais os cristãos e os muçulmanos num diálogo de fato.
“Pretendemos alcançar também aqueles 30% de líderes religiosos muçulmanos que são hostis em relação aos cristãos. Como São Francisco, sem medo, com a ajuda dos muçulmanos que estão do nosso lado, desejamos encontrá-los para promover a paz e a harmonia no Paquistão”.
Respeitado estudioso islâmico presente no evento, Muhammad Asim Makhdoom concordou:
“Promoveremos juntos a missão de São Francisco e do sultão. Cabe a nós enfrentar os que espalham ódio e preconceito entre as religiões. Cabe a nós comprometer-nos seriamente, neste ano, para convencer outras pessoas a se unirem a este movimento que promove o diálogo inter-religioso, a paz e a harmonia social, enquanto celebramos o 800º aniversário daquele encontro histórico”.
A oração comum pela paz, recitada pela assembleia, encerrou o encontro num país que, hoje, sob a assim chamada “legislação antiblasfêmia”, é um dos que mais perseguem os cristãos em todo o mundo.
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Com informações do Vatican News