Entenda o valor espiritual desta parte da Liturgia Chega um dado momento da Missa em que os ministros começam a passar os cestos, coral executa uma música marcante, a congregação senta-se após o longo período do credo e das orações dos fiéis e os pais arrumam as crianças nos bancos … Isso tudo parece, de alguma forma um “intervalo”. Como se o primeiro ato tivesse terminado e segundo estivesse prestes a começar e a mente precisasse fazer uma pausa…
Mas atenção: o ofertório não é o intervalo da Missa. Pelo contrário: esta parte da liturgia tem um profundo significado espiritual. E quem explicou isso muito bem foi o Papa Francisco, em uma de suas catequeses em que discorreu sobre as partes da Missa.
Francisco apontou como a Igreja “organizou a Liturgia Eucarística em momentos que correspondem às palavras e gestos feitos por [Cristo] na véspera de Sua paixão.”
“Assim”, ele disse, “na Preparação das Oferendas , pão e vinho são levados ao altar, isto é, os elementos que Cristo tomou em Suas mãos.”
Francisco disse que é bom que os fiéis levem o pão e vinho até o altar “porque eles significam a oferta espiritual da Igreja ali reunida para a Eucaristia”.
Ele observou que, nos tempos dos primeiros cristãos, essa oferta de pão e vinho era feita pelos próprios fiéis, que levavam os alimentos de casa. Embora esse não seja mais o caso, “no entanto, o rito de levar as ofertas ainda mantém sua força e seu significado espiritual”, disse ele.
“Portanto, sob os sinais de pão e vinho, o povo fiel coloca sua oferta nas mãos do sacerdote, que a coloca no altar ou na mesa do Senhor, ‘que é o centro de toda a liturgia da Eucaristia.’ Ou seja, o centro da Missa é o altar, e o altar é Cristo; devemos sempre olhar para o altar, que é o centro da missa.”
Nesta apresentação das oferendas, os fiéis “oferecem seu compromisso de fazer de si mesmos, obedientes à Palavra divina, um ‘sacrifício agradável a Deus Pai Todo-Poderoso’, para o bem de toda a Sua santa Igreja'”.
Francisco reconheceu que, é claro, o que podemos oferecer ao Senhor é algo pequeno, “mas Cristo precisa desse pouco que nós damos”, disse ele.
“Ele pede pouco de nós, o Senhor, e nos dá muito. Ele pergunta pouco. Ele nos pede, na vida cotidiana, boa vontade; Ele nos pede um coração aberto; Ele nos pede o desejo de ser melhor, de recebê-Lo, Aquele que se oferece a nós na Eucaristia; Ele nos pede essas ofertas simbólicas que depois se tornam Seu corpo e Seu sangue. ”
O Sucessor de Pedro observou como tudo isso se expressa na oração do ofertório, pois, nela, o padre pede a Deus que aceite esses dons da Igreja, “invocando o fruto da maravilhosa troca entre nossa pobreza e Sua riqueza”.
“A espiritualidade do dom de si mesmo, que este momento da Missa nos ensina, pode iluminar nossos dias, nossos relacionamentos com os outros, as coisas que fazemos e os sofrimentos que encontramos, ajudando-nos a construir a cidade terrena à luz do mundo: o Evangelho ”, concluiu.
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