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 Por que a pandemia fez aumentar casos de violência contra a mulher? 

SAD WOMAN,
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Octavio Messias - publicado em 13/08/20
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Convivência excessiva, estresse causado pela pandemia e machismo estão entre as causasDesde o começo do ano a pandemia vem expondo e acentuando as principais contradições da nossa civilização. Além das mazelas na economia e do abismo social, a quarentena, iniciada em março, fez as denúncia de agressão contra a mulher saltarem em 40%. No estado do Rio de Janeiro, os casos de violência doméstica chegaram a aumentar 50% durante o confinamento. 

A pandemia trouxa à tona uma triste realidade para muitas milhares que vivem em constante medo por conviverem com agressores sob o mesmo teto. E que agora, por conta da pandemia, precisam estar com seus cônjuges 24 horas por dia, sete dias por semana. O que se torna ainda mais alarmante em um contexto de pandemia, no qual houve um aumento de 80% nos casos de ansiedade e estresse. Fatores econômicos também contribuem com o aumento da tensão.

A situação se agrava nas regiões mais carentes, onde muitas vezes a vítima continua vivendo com o inimigo por falta de outro lugar para morar, principalmente agora, em período de recessão financeira. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 17,8% das mulheres em todo o mundo sofreram algum tipo de violência, física ou sexual, só no ano de 2019. No Brasil, ainda antes da pandemia, a cada três minutos uma mulher fazia uma denúncia por lesão corporal no âmbito doméstico, em uma média de 200 mil casos por ano.

Preocupam ainda mais os índices de feminicídio, que é o homícidio de mulheres por seu gênero ou por desprezo pela condição feminina. Os índices de feminicídio subiram 22% em 12 estados brasileiros. Recuaram apenas nos estados de Espírito Santo e Rio de Janeiro. Em outros três estados, esse índice sofreu saltos alarmantes: 300% no Acre, 133% no Maranhão e 150% no Mato Grosso. 

Índices tão desoladores são resultado de séculos de cultura machista, o que historicamente oprime as mulheres. Tanto que até 2006, quando foi decretada a Lei Maria da Penha, a violência contra a mulher era tratada como um crime menor, sujeito a penas como trabalho forçado e pagamento de cestas básicas. Com a aprovação da Lei Maria da Penha, casos de agressão física, psicológica, moral, sexual e patrimonial contra a mulher passaram ter punições mais severas. 

Mas ainda temos séculos e séculos de cultura machista – que fomenta esse ódio latente pela figura da mulher – que precisamos desconstruir. Entender que a mulher é um ser humano igual a (ou, em muitos casos, melhor que) nós, homens, deve ser respeitada e a ela devem ser garantidos os mesmos direitos. 

Oprimidas por esse ciclo tóxico, muitas mulheres tendem a se calar e passam anos sofrendo em silêncio. Para reverter esse quadro, se for vítima ou se souber de algum caso de agressão contra a mulher, não deixe de denunciar no 180.

Pois, como muito cedo me ensinou minha mãe: “Não se bate em uma mulher nem com uma pétala de rosa”. 

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