Uma escola católica para crianças deficientes em Cabul teve de ser fechada sem que se saiba quando - e se - poderá voltar a funcionar. Embora o Afeganistão tenha pouco mais de 200 católicos, a Igreja estava lá para ajudar também os muçulmanos mais necessitados.
O PBK Day Centre - Pro Children of Kabul, dirigido pelo padre italiano Matteo Sanavio, é uma associação fundada em 2001 em resposta a um apelo do Papa São João Paulo II em sua mensagem de Natal daquele ano: "Salvem as crianças de Cabul". O padre Giancarlo Pravettoni levou muito a sério este apelo do Papa e entrou em contato com várias congregações religiosas masculinas, das quais nada menos que 14 se juntaram à iniciativa e começaram a pensar numa resposta imediata para as graves necessidades das crianças afegãs. A prioridade foi o atendimento às mais frágeis dentre elas: as crianças com deficiências.
A associação implantou em 2006 uma escola para crianças com deficiências mentais e, desde então, ao longo de 15 anos, ofereceu acolhimento e formação a pequenos com a síndrome de Down ou com outros quadros leves de deficiências mentais, visando inseri-los nas escolas normais do país. Em síntese, a escola é uma espécie de instituto preparatório para as escolas primárias.
Em entrevista à Rádio Vaticano, o padre Matteo Sanavio contou que o ano de 2020 foi muito difícil por causa da pandemia: sua escola foi aberta e fechada várias vezes, e, agora que conseguiram reabri-la com relativa estabilidade, ocorreu a escalada que trouxe o Talibã de volta ao poder no Afeganistão. A escola teve de ser fechada novamente e não se sabe se e quando poderá ser reaberta.
Perguntado pela Rádio Vaticano sobre o que acontecerá agora, o sacerdote respondeu:
"Infelizmente, as notícias provenientes do Afeganistão e especialmente de Cabul são muito negativas. A cidade está no caos e praticamente só estão ocorrendo repatriações. Portanto, todas as atividades caritativas que estavam sendo desenvolvidas estão agora temporariamente suspensas. Esperamos que, depois deste momento inicial de crise, no qual só estamos vendo escuridão, se abra algum vislumbre de luz e possamos retomar as nossas atividades, que se concentram nas crianças deficientes justamente na cidade de Cabul".
Mas será que isto vai ser possível sob o regime talibã? O pe. Sanavio comenta:
"Nós temos que ver o que os talibãs se propõem, como se relacionam, como vão entrar em contato com essas associações. Parece que eles disseram que não querem bloquear as atividades educacionais e sociais. Mas acho que, no momento, o diálogo com essas pessoas é bastante complexo e difícil".