separateurCreated with Sketch.

Há 43 anos morria o “Papa dos 33 Dias” no “Ano dos 3 Papas”

João Paulo I, o Papa dos 33 dias
whatsappfacebooktwitter-xemailnative
Francisco Vêneto - publicado em 28/09/21
whatsappfacebooktwitter-xemailnative
Faleceu em 28 de setembro aquele Papa de um incomum nome duplo: o "Papa dos 33 dias", também conhecido como o "Papa do Sorriso"

Em 28 de setembro de 1978, vitimado por um ataque cardíaco no Palácio Apostólico, falecia João Paulo I, já então conhecido como "o Papa do Sorriso" e, a partir de então, chamado também de "o Papa dos 33 dias".

De fato, ele havia sido eleito como sucessor de São Paulo VI em 26 de agosto, dando solene início ao novo pontificado em 3 de setembro. Aqueles 33 dias desde a eleição configurariam o pontificado mais curto dos últimos quase quatrocentos anos e um dos mais breves de todos os tempos.

1978 entrou para a história como "O Ano dos 3 Papas": São Paulo VI, João Paulo I e São João Paulo II se sucederam no trono de São Pedro não apenas durante um mesmo ano, mas, mais precisamente, durante pouco mais de dois meses daquele ano.

Seria preciso voltar no tempo mais de três séculos e meio para encontrar um precedente semelhante: Clemente VIII, Leão XI e Paulo V, em 1605.

Após a morte do Papa São Paulo VI no meio de um tórrido verão italiano, foi eleito ao pontificado o Patriarca de Veneza, Albino Luciani, que adotou o incomum nome duplo de João Paulo em homenagem aos seus dois predecessores imediatos: São João XXIII e São Paulo VI, líderes do Concílio Vaticano II.

Na Santa Missa de abertura do seu pontificado, o Papa João Paulo I afirmou:

“O primeiro pensamento, de adoração e de súplica, vai para Deus, Infinito e Eterno; com uma decisão humanamente inexplicável e com a Sua benigníssima dignação, Ele nos elevou à Cátedra do bem-aventurado Pedro (…) Iniciamos o nosso serviço apostólico invocando como estrela esplendorosa da nossa caminhada a Mãe de Deus, Maria, Salus Populi Romani e Mater Ecclesiae, que a liturgia venera de modo particular neste mês de setembro. Que a Virgem Santíssima, que guiou com delicada ternura a nossa vida de criança, de seminarista, de sacerdote e de bispo, continue a iluminar e a dirigir os nossos passos, para que, feito voz de Pedro, com os olhos e a mente fixos no Seu Filho, Jesus, proclamemos no mundo, com jubilosa firmeza, a nossa profissão de fé: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”.

O Papa João Paulo I nasceu em 17 de outubro de 1912 em Canale d’Agordo, no Vêneto, norte da Itália. Foi batizado no mesmo dia como Albino Luciani por uma mulher chamada Maria Fiocco, devido ao “perigo iminente de morte” que sofria.

Entrou no seminário menor de Feltre aos 11 anos e, aos 16, no seminário gregoriano em Belluno, sendo ordenado sacerdote em 7 de julho de 1935 com apenas 22 anos.

São João XXIII o nomeou bispo de Vittorio Veneto em 15 de dezembro de 1958. Por sua vez, São Paulo VI o nomeou patriarca de Veneza em 1º de fevereiro de 1970 e, em 5 de março de 1973, o criou cardeal.

O Papa Francisco assinou o decreto de reconhecimento das virtudes heroicas de João Paulo I em 9 de novembro de 2017, o que significa que, depois de uma detalhada investigação da sua vida e dos seus escritos, constatou-se que ele viveu em grau heroico as virtudes teologais da fé, esperança e caridade.

A próxima fase rumo aos altares é a beatificação, que depende da comprovação de um milagre realizado mediante a sua intercessão. Um segundo milagre será necessário para que, finalmente, o Papa dos 33 dias seja canonizado.

À surpreendente morte de João Paulo I com apenas 33 dias de pontificado seguiu-se outra notícia surpreendente para a Igreja e o mundo: a eleição de um segundo João Paulo "vindo de longe".

Karol Wojtyla, arcebispo de Cracóvia, manteve o nome escolhido pelo antecessor e passou para a posteridade como São João Paulo II, um dos mais carismáticos e influentes líderes não apenas da longa história da Igreja Católica, mas da longuíssima história de toda a humanidade.