Temos “uma responsabilidade diária” de levar o Evangelho às pessoas que encontramos, sejam elas nossos vizinhos ou completos estranhos, disse o Papa Francisco na Exortação Alegria do Evangelho.
“Ser discípulo significa ter a disposição permanente de levar aos outros o amor de Jesus; e isto sucede espontaneamente em qualquer lugar: na rua, na praça, no trabalho, num caminho”, disse ele (n. 127).
No entanto, ainda hesitamos. Por quê? Aqui estão alguns motivos.
Muitas vezes, gastamos toda a nossa “conversa religiosa” falando sobre a Igreja, e não sobre Jesus. É que nós nos sentimos mais confortáveis falando sobre a Igreja — é como falar sobre uma corporação, equipe ou partido político, ao qual estamos acostumados.
Mas, como disse o Papa Bento XVI, “ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”.
A única razão pela qual a Igreja Católica é importante é por causa de sua origem, que é Cristo na terra, seus meios, que é Cristo nos sacramentos, e seu fim, que é Cristo na eternidade.
E esse, a propósito, é o Evangelho: Deus veio até nós, permanece conosco e nos espera à frente.
Você se juntaria a uma organização que apenas "falasse" mas não fizesse nada? Eu não faria isso. Na verdade, deixei grupos de amigos e atividades para trás porque não precisava disso.
A Igreja faz tanto pelo mundo que nós, católicos, nunca mencionamos. Assista a este vídeo do Catholics Come Home para recordar: servimos, curamos e ensinamos pessoas de todas as raças, religiões e classes. Desenvolvemos o método científico, o sistema universitário e a Bíblia.
Levamos Jesus Cristo a inúmeras pessoas, enchendo-as de paz além de qualquer entendimento.
Uma das principais razões pelas quais não evangelizamos são nossas dúvidas. Assim, trata-se de uma falha de fé, e há três maneiras de superar problemas de fé.
A primeira é rezar. Muito honestamente, diga: “Senhor, eu quero acreditar. Fortalecei a minha fé!”
A Irmã Miriam James Heidland ensina aos seus alunos uma ótima maneira de rezar através de dúvidas.
Ela disse para se imaginar desfrutando de um passeio pela sua paisagem favorita — ou pela praia. Você ouve alguém atrás de você e olha para trás. É Jesus. Ele caminha ao seu lado e pergunta sobre sua vida. Conte tudo a ele enquanto caminha. Depois de um tempo, vocês veem um lugar onde podem se sentar um em frente ao outro. Você se senta, olha no rosto dele e Ele pergunta: "Agora diga-me o que você ficou evitando dizer enquanto caminhávamos".
Sempre que faço essa meditação, acabo dizendo a Jesus onde está a minha verdadeira dúvida. Depois eu faço mais duas coisas: converso com alguém em quem confio sobre minhas dúvidas e procuro respostas na Aleteia e em outros lugares.
Há duas razões, geralmente, pelas quais somos tímidos demais para falar sobre algo: nossa autoestima é muito baixa ou muito alta.
Se estiver muito baixa, achamos que as pessoas poderiam não querer ouvir o que temos a dizer, e isso é errado. Pratique de pequenas maneiras e trabalhe visando coisas mais difíceis. Comece falando de um casamento ao qual você foi ou de outro sacramento. Solte então algum detalhe sobre a homilia, por exemplo. Você ficaria surpreso ao descobrir que as pessoas são receptivas a esse tipo de conversa.
Se nossa autoestima é muito alta, não queremos que a “conversa religiosa” interfira na impressão que criamos de nós mesmos. Bem, isso não vai funcionar. Em primeiro lugar, as pessoas provavelmente sabem que somos católicos e assumirão que estamos com vergonha disso. Em segundo lugar, muitas pessoas são simpáticas e compartilham sua fé.
O que precisamos em ambos os casos é da virtude da esperança: confie que Deus cuidará de nós se fizermos o que ele diz. Experimente. Ele vai ajudar.
Às vezes não evangelizamos porque, para ser franco, estamos bem com o status quo. Nós gostamos das pessoas em nossos círculos confortáveis. Nós particularmente não gostamos das pessoas de fora deles.
Na verdade, podemos pensar nessas outras pessoas como oponentes a serem derrotados, não almas a serem alcançadas.
Bem, estamos trabalhando com a metáfora errada. Como o Papa Francisco colocou em sua entrevista à revista America, “vejo a Igreja como um hospital de campanha após a batalha”.
Sim, há verdades que precisam ser defendidas e inverdades que precisam ser destronadas. Mas as pessoas que encontramos foram feridas pelas mentiras do secularismo e só serão curadas pelo amor de Cristo, não pela nossa rejeição.