"Esta não é uma guerra contra a Ucrânia, mas uma guerra contra o coração da Europa. Estamos todos sob ataque. É uma guerra contra o mundo inteiro. Rogai por nós enquanto esperamos boas notícias, notícias de paz, porque Deus está conosco e é nossa maior força. Rezemos para que Ele converta os corações", disse em entrevista à agência italiana SIR, o Pe. Sergiei Palamarczuk, pároco da paróquia greco-católica de Lisichańsk, na região de Lugansk.
Segundo a agência, o sacerdote, que conseguiu estabelecer uma ligação telefônica quando estava no caminho de Muratow para Lisiczanek, levou com ele várias famílias que queriam refugiar-se na sua casa paroquial.
“Neste momento estamos fugindo de Muratow porque há muitas armas lá. Vemos veículos militares, ouvimos os sons de bombardeios e tiros de morteiro. A situação aqui não era segura antes. Muitas famílias fugiram em carros e somos os últimos a deixar a área. Alguns, porém, ficaram porque não sabiam para onde ir. Estamos recebendo más notícias sobre Kiev, Kharkiv, então no momento nenhuma cidade está segura. Quando chegarmos à minha casa em Lisiczańsk, teremos que pensar no que fazer e para onde ir”, relatou o padre.
Apesar das dificuldades em continuar a conversa, Pe. Sergei pediu orações pelo povo ucraniano: “Não deixe de orar por nós. Isso é o mais importante".
Igrejas abertas
O líder da Igreja Greco-Católica na Ucrânia (e bispo de Kiev), Sviatoslav Shevchuk, ordenou que todos os religiosos mantenham suas igrejas abertas, mesmo com a guerra em curso. A iniciativa visa acolher e dar segurança para "quem precisar".
É uma decisão forte a do bispo de Kiev, no momento mais dramático da história recente de seu país.
Nas últimas horas, o próprio bispo teve que se esconder, juntamente com outras pessoas, no porão da Catedral da Ressurreição, em Kiev, devido ao bombardeio "intenso" na cidade.
"Temos a experiência da guerra no leste da Ucrânia há oito anos. Tentamos organizar bem a rede de ajuda humanitária, vamos colocar à disposição das pessoas, em caso de emergência, nossas igrejas e os prédios que temos à disposição para salvar cada vida. Recordamos que as nossas igrejas já eram hospitais de campanha na época da Revolução da Dignidade", lembra o arcebispo de Kiev.