Transcorridos 30 anos desde a sua fundação, e depois de intensas transformações societárias, estruturais e de identidade, uma empresa brasileira de software e consultoria na área tributária se apresenta hoje aos próprios colaboradores, clientes, fornecedores e parceiros com um propósito surpreendente: "Ser, como Maria, sinal de Deus na sociedade".
Mas nem sempre foi assim. Ricardo Funari é um dos sócios da Synchro, uma empresa que, segundo ele próprio, nasceu com "onze sócios e nenhum propósito". Dos onze, somente ele continua na empresa. Ao longo dos anos, outros entraram e saíram da companhia, que, hoje, tem mais dois sócios além de Funari. Um dos fatores fundamentais que mantêm a coesão societária entre os atuais proprietários é justamente o fato de estarem bem alinhados não apenas com a atividade econômica da empresa, mas também com a sua missão e, acima de tudo, com o seu propósito.
Atividade econômica, missão e propósito
Como atividade econômica, a Synchro oferece um pacote de soluções que unem software, serviço e conteúdo para "prover conformidade tributária" aos seus clientes, que são médias e grandes companhias brasileiras e multinacionais. A atividade econômica é crucial porque garante a sustentabilidade da empresa - mas ela não é a missão, nem, muito menos, o propósito de uma empresa.
A missão de uma empresa diz respeito ao legado que ela quer deixar à humanidade. Na Synchro, a missão é "contribuir para uma sociedade mais humana": diretores e colaboradores são incentivados e capacitados para estabelecer vínculos entre pessoas, humanizando processos e aprofundando relacionamentos com base nos cinco valores corporativos específicos da companhia - justiça, cuidado, confiança, excelência e família.
Essa humanização crescente das relações na Synchro, por sua vez, inspira-se no propósito da empresa: "Ser, como Maria, um sinal de Deus na sociedade".
Sim: Maria de Nazaré, explicitamente, é o modelo de pessoa que a empresa quer imitar.
"Ser, como Maria, sinal de Deus na sociedade"
Mas não surgem atritos junto a colaboradores, clientes ou parceiros quando a empresa propõe como modelo alguém com uma associação tão imediata com a religião católica? Não será um desrespeito ou até uma forma de assédio moral contra quem não é católico?
Ninguém na empresa é forçado a rezar a Maria nem a venerá-la como santa. Aliás, a empresa tem colaboradores evangélicos, espíritas, budistas, ateus, pessoas sem vínculo religioso algum, e nenhum deles sofre discriminações por abraçar a sua própria crença.
Há empresas, aliás, que declaram inspirar-se em modelos como Mahatma Ghandi, Martin Luther King, Francisco de Assis, o Dalai Lama, Zumbi dos Palmares, a Madre Teresa de Calcutá. A Synchro se inspira declaradamente em Maria de Nazaré.
Trata-se, historicamente, de uma mulher que testemunhou de forma poderosa os valores que a empresa adota hoje: a jovem grávida que, ao saber das necessidades de sua prima mais velha e também gestante, foi às pressas rumo às montanhas para ajudá-la; a jovem mãe que, diante das ameaças do rei Herodes contra a vida do seu bebê, partiu corajosamente rumo ao Egito como refugiada, em lombo de burro, com o marido José, enfrentando dois anos de exílio em terra estranha para proteger o menino; a viúva Maria, gentil e atenciosa, que, ao ir com o Filho a um casamento em Caná, percebeu o constrangimento dos noivos porque o vinho estava terminando e, rapidamente, intercedeu junto a Jesus para que fizesse o seu primeiro milagre; a Maria madura, forte, serena, que, diante da dor indescritível de ver o próprio Filho torturado, crucificado e morto no Calvário, arrancou esperança, fé e amor de onde humanamente não havia e foi consolar e encorajar os discípulos d'Ele, amedrontados, frustrados e desesperados.
Esses comportamentos de Maria estão entre os muitos "sinais de Deus na sociedade" que a Synchro compartilha como inspiradores - para quem quiser livremente deixar-se inspirar.
Outro desses sinais divinos é justamente o "insight" de que é possível, sim, ser livre para viver em coerência com a própria fé não apenas nos âmbitos privados, mas também na vida profissional, sem atritos com quem professa crenças diferentes. E isto é de importância extraordinária numa sociedade como a nossa, em que prevalece, cada vez mais, uma narrativa laicista e autoritária que dita que Deus deve ser deixado em casa, barrado muito antes das catracas nos edifícios corporativos. Alega-se que declarar fé em Deus no local de trabalho ofende quem não acredita n'Ele.
Na verdade, o que é ofensivo é o contrário: é impor a todos uma visão restritiva, limitante e uniformista de mundo; é censurar a liberdade de crença, pensamento e expressão de muitos em nome da intolerância antirreligiosa de alguns; é violentar a unidade individual, obrigando as pessoas a se fragmentarem e a forjarem compartimentos na própria vida, em vez de poderem exercer a liberdade de ser elas mesmas em algo tão sacrossanto quanto a própria consciência.
"À Maneira de Deus no Trabalho"
O processo trilhado pela Synchro para definir e aprofundar a sua identidade corporativa contou com o auxílio da organização cristã ecumênica internacional His Way at Work. O nome da organização, que quer dizer "À Maneira d’Ele no Trabalho", faz menção explícita a Deus: é um convite a imitar a Cristo também no ambiente profissional, praticando com naturalidade o Evangelho no dia-a-dia.
A His Way At Work (HWAW) foi fundada em 2008 nos Estados Unidos pelo empresário Peter Freissle. Sua missão é inspirar e ajudar líderes de negócios a transformarem suas empresas a partir de Deus e através de valores cristãos, a fim de gerarem "E-ROI" (Retorno Eterno sobre o Investimento). Esse peculiar conceito é um enriquecimento do "ROI", termo-chave da vida empresarial porque define o Retorno sobre o Investimento ("Return Over Investment"). A forma de se gerar esse valor de eternidade no cotidiano da empresa é a "Cultura do Cuidado": um conjunto crescente de iniciativas voltadas a cuidar dos colaboradores e dos seus familiares nos níveis físico, emocional-mental e espiritual, mediante um comitê formado e dirigido pelos próprios colaboradores, com base em metodologia específica implementada por etapas e cascateada para toda a organização.
Neste começo de abril de 2022, a HWAW organizou o seu 2º Congresso Nacional no Brasil, em São Paulo (dias 1º a 3) e São José do Rio Preto (dias 4 e 5). Ricardo Funari, fundador da Synchro e atual presidente do Conselho da HWAW no país, compartilhou diante dos empresários participantes o seu testemunho de transformação da própria empresa: de onze fundadores e nenhum propósito, a Synchro passou a ser uma inspiração para empresas que desejam refundar-se justamente a partir do propósito. No caso, um propósito que é nada menos que "Ser, como Maria, um sinal de Deus na sociedade".
Para mais informações:
Armando del Bosque (HWAW América Latina)
armando@hwaw.com