1 - O Papa deveria renovar o acordo pastoral com a China?
Em 2018, a Santa Sé assinou um acordo com a China sobre a nomeação de bispos, que expira em Outubro de 2022 e deve ser renovado. No website Bitter Winter, o jornalista Massimo Introvigne revê as recentes declarações do Papa numa entrevista à Reuters, na qual afirmou que queria que o acordo continuasse, apesar dos poucos resultados obtidos até agora. O jornalista italiano critica a visão do pontífice das relações com a China, segundo a qual a Ostpolitik liderada pelo Cardeal Casaroli nos anos 60 e 70 preparou a queda dos regimes comunistas. Ele assinala que esta interpretação é controversa e que, mesmo naquela altura, a Santa Sé não teve de ceder tanto perante os países da Europa de Leste. A posição do Papa é difícil de manter, explica Introvigne, porque ao mesmo tempo "padres dissidentes continuam presos" e "vários bispos católicos 'desaparecidos' não reapareceram". Mas agora, não renovar o Acordo poderia ser pior, reconhece ele, considerando que o Vaticano se colocou agora "numa situação impossível".
Bitter Winter, inglês
2 - Viktor Orban é um problema para a Igreja?
Um artigo de opinião publicado no Catholic Herald analisa a situação atual da Igreja Católica na Europa, particularmente nos países da Europa Central e Oriental, como a Polônia e a Hungria, e pergunta qual deve ser a posição da Igreja. Contrasta as atitudes do Papa Francisco e do primeiro-ministro de direita católico e nacionalista húngaro Viktor Orban. O artigo salienta que os países da Europa Central e Oriental "são as únicas regiões da Europa onde a Igreja Católica está a crescer". No entanto, nestas regiões, "a fé cristã está fortemente ligada ao tradicionalismo e ao nacionalismo", o que pode contrastar com a atitude aberta do Papa Francisco. "É claro que não é segredo que a Europa e a UE estão agora muito divididas entre um Oriente mais homogéneo, re-cristianizado e tradicionalista e um Ocidente mais diversificado, secular e progressista", afirma o artigo, "mas onde é que isso deixa exatamente a Igreja, presa entre estas visões de mundo"? "Para a Igreja, é cada vez mais uma corda bamba: poderá o Vaticano alienar realmente a única parte da Europa onde a fé cresce, enquanto enfrenta bancos vazios no resto do mundo ocidental? Por outro lado, quer a Igreja ser associada a políticas de linha dura sobre migração e nacionalismo, especialmente numa altura em que está a se abrir a comunidades como os povos indígenas do Canadá?
Catholic Herald, inglês
3 - Daniel Rudd, escravo que se tornou jornalista católico e defensor da igualdade
O website National Catholic Register traz um artigo sobre a vida de Daniel Rudd, que nasceu escravo em 1854 e fundou o primeiro jornal católico negro do país, o American Catholic Tribune. Nascido numa fazenda em Bardstown, Kentucky, Rudd foi iniciado no catolicismo numa catedral próxima. Ele recorda que foi batizado "na mesma fonte onde todos os outros, brancos e negros, foram batizados sem discriminação", explica o artigo. A emancipação teve lugar em 1865 e em 1885 Rudd fundou um jornal católico negro onde promovia ideias de justiça racial, pois acreditava verdadeiramente que a Igreja poderia ser uma força positiva nesta batalha. "A grande Igreja do nosso Senhor e Salvador persegue tranquilamente a sua missão divina de "ensinar todas as nações", pondo sempre o seu selo de aprovação na justiça e equidade e condenando em todas as épocas a injustiça feita aos pobres e desprezados negros", escreveu Rudd. Muitos católicos e clero apoiaram o jornal de Rudd e ele reimprimiu textos de bispos que se opunham à segregação racial. O trabalho de Rudd também foi além do jornalismo, uma vez que promoveu a igualdade racial em vários grupos políticos e de advocacia. "A vida deste fascinante líder e ativista católico negro será de interesse para todos os católicos e, esperemos, irá nos inspirar a estar tão empenhados como Daniel Rudd numa visão católica da igualdade racial", conclui o artigo.
National Catholic Register, inglês