Uma nova peça de teatro apresenta Santa Joana d'Arc como heroína de "gênero neutro". Trata-se de "I, Joan" (Eu, Joana), que estreia no dia 25 de agosto no Globe Theatre, em Londres, ficando em cartaz até outubro. Segundo o site da peça, a produção é "um grito de coragem" que "conta novamente a história de Joana d’Arc".
Será mesmo coragem "contar novamente" a história de uma pessoa real com viés declaradamente ideológico? E o que significa "contar novamente"? Deturpar os fatos para encaixá-los numa narrativa? Estas são algumas das questões que estão sendo discutidas a respeito da abordagem escolhida pelos produtores.
De fato, o professor emérito Frank Furedi, da Universidade de Kent, criticou a peça em declarações ao jornal The Times. Para ele, os produtores estão querendo "reescrever a história" com base em "revisionismo fantasioso". O professor afirma:
A página sobre peça no site do teatro, por sua vez, declara explicitamente que Santa Joana d'Arc "se rebelou contra as expectativas do mundo, questionando a binariedade de gênero".
A apresentação ainda convida o público, à maneira de convocação para um manifesto:
É inevitável observar o teor subjetivo desse tipo de "apresentação", com apelo a clichês emocionais difusos em vez de fundamentação histórica objetiva. Não há fundamentação a ser apresentada, talvez?
Linha semelhante é seguida pela diretora artística Michelle Terry, para quem apresentar Santa Joana d'Arc como "de gênero neutro" não é inédito. Entretanto, a produção da peça não especifica qual seria a fundamentação histórica precedente, caso exista.
Completando a verborreia literalmente "genérica", o site do Globe Theatre afirma que a peça é "inequivocamente pró-direitos humanos". Resta saber qual é, exatamente, o direito humano que precisa de uma deturpação histórica para ser defendido.