"Ninguém te queria? Então nós te queremos com todo o nosso coração", diz a Irmã Klara a Tosia, de 6 anos, que acaba de chegar à casa das Irmãs de Maria Imaculada. "Mas onde está a mamãe?", pergunta ela, apertando a mão da freira. Isso também se passou com Wojtus, um menino resgatado pela polícia de uma casa com pais alcoólatras. E com Zuzia, de 7 anos, uma órfã cega. E ainda com Darius, 5 anos de idade, rejeitado por sua família… e cerca de 50 outras crianças que vivem na casa. Mas Tosia e os outros são recebidos de braços abertos pelas religiosas. Três instituições são reunidas em seu centro: uma casa de acolhimento, uma escola primária e um centro de reabilitação para crianças com deficiências mentais graves.
"Nossa meta é estar com essas crianças 24 horas por dia até os 18 anos", disse a irmã Klara, superior da comunidade, à Aleteia. Algumas são acolhidas apenas durante o dia, outras vivem ali permanentemente, muitas vezes desde seus primeiros dias de vida até atingirem a idade adulta.
Seus pais se dividem em três grupos: alguns são privados de seus direitos parentais, outros os mantêm, mas de forma limitada. Por fim, há os pais que amam seus filhos, mas decidem confiá-los às irmãs. As razões são diversas: às vezes é uma questão de as condições de vida serem muito precárias para a criança, às vezes é uma falta de força, inclusive mental, para cuidar de uma criança gravemente doente em sua própria casa.
"Nós nunca julgamos tal decisão", diz a Irmã Klara. Cuidar de crianças com uma deficiência grave, diz ela, é um verdadeiro desafio: "Muitas vezes, quando a mãe ou ambos os pais não têm ajuda em sua vida diária, toda a família 'fica doente', de certa forma, junto com a criança". E isto é verdade desde o nascimento até a morte. Contudo, para estas crianças, a situação é muito mais fácil: seus pais as visitam em Piszkowice, eles se lembram de seus aniversários. "Apesar de estarem separados de suas famílias diariamente, estas crianças se sentem amadas, elas têm alguém por quem esperar. E, garanto-lhes, eles estão realmente esperando a visita de seus pais", diz a superiora da comunidade.
Um novo começo
Por outro lado, as crianças que acabam na casa das irmãs após uma intervenção policial na casa da família experimentam um verdadeiro drama. Cortadas de seu ambiente, elas têm que começar uma nova vida. No início, elas ficam assustadas, muitas vezes sem um diagnóstico prévio de sua doença, às vezes terrivelmente negligenciadas. Algumas não falam, mesmo quando têm quatro ou cinco anos de idade. Outras são retirados de suas famílias porque não se alimentam há dias.
As dificuldades enfrentadas pelas crianças variam. Quer nasçam com síndrome de Down, síndrome de Asperger, síndrome de Treacher Collins ou outras doenças, são todas diferentes e requerem cuidados médicos, de enfermagem, terapêuticos, fonoaudiológicos e psicológicos adequados. Graças ao dinamismo das irmãs, elas recebem assistência profissional de especialistas aqui: tanto de religiosos e religiosas como de leigos. Mas o que é ainda mais importante é o amor, o sorriso, a ternura das freiras: é o remédio essencial. Mesmo as crianças, cuja doença não lhes permite lembrar ou compreender muito, estendem as mãos na esperança de receber um sinal de afeto, ou suas bochechas para serem beijadas. Quando são abraçadas, elas permanecem ali por muito tempo.
Um remédio essencial
"Veja como nossos filhos são lindos", diz a Irmã Klara com uma voz encantada enquanto mostra à jornalista da Aleteia uma sala decorada festivamente onde o show do Dia dos Enfermos está prestes a começar. Ao invés de cadeiras, há filas de cadeiras de rodas com meninos e meninas todos vestidos de branco. Aqueles que não podem sentar-se, ficam deitados em suas camas, sob o olhar atento dos cuidadores. Depois do espetáculo, é hora de tomar um refresco. As crianças se aglomeram ao redor das mesas, outras, impacientes, se deitam em suas cadeiras e camas.
"Eles gostam muito de comemorar", diz a Irmã Agata. "Tentamos dar-lhes um motivo para celebrar algo importante de tempos em tempos". "Um paciente com uma doença incurável, grande ou pequena, não deve viver isolado, não pode estar sozinho, deve fazer parte do que orgulhosamente chamamos de sociedade", continua ela.
É por isso que as irmãs assumem seus encargos em excursões, acompanham-nas às lojas para que elas possam escolher suas próprias roupas, ou vão comer um sorvete. Uma palavra continua surgindo nas conversas com as irmãs e cuidadoras: "nossos filhos". "As crianças de Piszkowice não são crianças abandonadas ou rejeitadas". Elas são queridas e amadas por nós. Eles são nossos filhos", repetem as freiras.
O princípio do qual as irmãs não se desviam? Acolher cada criança, independentemente do grau de deficiência com que ela tenha nascido. Hoje, elas são 50. Se houvesse a possibilidade de ampliar o centro, é certo que haveria mais lugares para os residentes. Enquanto isso, as freiras continuam o trabalho iniciado pela Irmã Lucja, a fundadora do centro, que morreu em 2020. As palavras que ela sussurrou para as crianças são frequentemente lembradas aqui: "Ninguém te queria? Então nós te queremos com todo o nosso coração".