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Um santo veio ouvir a última confissão do meu avô?

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Mauricio Romero - publicado em 19/05/23
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Uma história de arrepiar, que envolve um dos mártires mexicanos da Guerra Cristera

São José Isabel Flores (1866-1927) é um dos 25 mártires mexicanos da Guerra Cristera canonizados em 21 de maio de 2000 pelo Papa São João Paulo II. A história a seguir envolve ele e alguns membros da minha família. 

Em 23 de janeiro de 2003, no Hospital Civil de Guadalajara, Manuel Orozco, meu avô, precisava de uma cirurgia no coração e queria receber o Sacramento da Penitência antes de fazer a operação. Vários familiares que estavam com ele tentaram entrar em contato com o pároco, mas não conseguiram.

De repente, um jovem vestido com uma túnica branca e uma máscara facial entrou na sala de espera. Minha avó Amparo se aproximou dele e o cumprimentou dizendo: “Como vai, doutor?” O homem respondeu: “Eu não sou médico. Eu sou um padre". Ele, então, tirou a máscara e disse a ela: “Vim confessar Manuel”. 

Amparo ficou muito feliz e beijou a mão dele. Ela sentiu uma emoção inexplicável. Então, conduziu o padre até a sala onde Manuel estava e voltou para a sala de espera, onde estavam vários outros familiares. Quem entrasse ou saísse do quarto de Manuel tinha que passar por eles, mas ninguém nunca viu alguém sair do quarto. 

Enquanto o padre confessava Manuel, um dos familiares que conseguiu entrar em contato com o pároco telefonou para meu tio Julián Orozco, filho de Manuel e Amparo, e disse-lhe que o pároco não poderia ir. Julián não estava presente na sala de espera, portanto, não sabia que um padre havia de fato chegado.

Algumas horas depois, quando Amparo foi visitar Manuel, ela perguntou: “Como foi com o padre?” Ele respondeu: “Que padre você me enviou? Deixou-me com uma paz imensa. Sinto-me livre." 

Mais tarde, Manuel foi para a sala de cirurgia. Enquanto isso, Julián conversava com sua mãe Amparo, explicando por que o pároco não poderia ir ao hospital. Ela pensara o tempo todo que o padre que estivera ali para confessar seu marido era o pároco. Agora, havia certa confusão sobre quem era o tal padre que foi ao hospital. Eles perguntaram às enfermeiras se era o capelão do hospital, mas elas disseram que não. A questão tornou-se, assim, mais premente.

Eles, então, pensaram que o tal sacerdote poderia ser o Pe. José Isabel Flores, pois tinham uma devoção por ele e, percebendo que poderia ser esse o caso, todos se abraçaram. 

Na manhã seguinte, depois de uma cirurgia bem-sucedida, Julián entrou no quarto de Manuel para ver se conseguia descobrir quem era o padre. Ele perguntou ao pai: “Você se lembra do padre que esteve aqui ontem?” Manuel respondeu: “Ah sim, como poderia não me lembrar dele? Que padre!” 

Julián explicou a confusão sobre a identidade do padre e perguntou a Manuel: “Você acha que foi o Pe. Jose…?" Manuel apenas fechou os olhos e, relaxando, suspirou profundamente. Manuel voltou-se então para a enfermeira e perguntou-lhe: “Acreditas em milagres?” Ela disse: “Sim, eu creio.” 

Com o passar dos dias, Manuel começou a ter complicações. Ele pegou pneumonia e faleceu em 9 de fevereiro de 2003. O funeral foi dois dias depois e, após o enterro, Amparo voltou à sua casa para procurar uma foto do jovem padre José Isabel Flores. Quando ela o encontrou, teve a certeza de que estava olhando para o mesmo rosto que vira apenas duas semanas e meia antes no hospital. O pároco que visitara o marido dela fora, de fato, São José Isabel Flores…

Mauricio Romero com a foto do mártir mexicano.

Durante o seu ministério terreno, S. José Isabel Flores “mortificou-se e sacrificou-se pelos seus fiéis e não quis que ninguém morresse sem confissão…” [Congregatio Pro Causis Sanctorum, pág. 311]

Além disso, ele foi o padre que batizou Manuel, então seria apropriado dar-lhe seu último sacramento também. Este santo sacerdote realmente levou a sério seu sacerdócio eterno!