Neste domingo, 2 de julho, a polícia do regime de Daniel Ortega, ditador da Nicarágua, invadiu o convento das Irmãs dos Pobres de Jesus Cristo, na cidade de León, e prendeu quatro freiras brasileiras, cujo paradeiro permaneceu desconhecido durante horas.
Martha Patricia Molina, advogada e pesquisadora que tem denunciado enfaticamente a perseguição promovida ao menos desde 2018 pelo ditador contra a Igreja Católica, deplorou via rede social o tratamento indigno dado às religiosas e chegou a escrever:
"Não se sabe nada sobre elas. Espero que respeitem suas vidas e sua integridade".
Nota da congregação
No entanto, ao final desta segunda-feira, 3, via rede social, o Instituto das Pobres de Jesus Cristo divulgou nota informando que as religiosas haviam sido deportadas para El Salvador:
"Paz e bem! Queremos por este meio manifestar nossa gratidão pelos sete anos de missão nas terras da Nicarágua, agradecemos a acolhida da Igreja e do povo durante esse tempo que nosso carisma permaneceu no país servindo os pobres nos seus múltiplos rostos.
Como cita nossas fontes 'Antes de oferecemos qualquer outra coisa, oferecemos primeiro a nos mesmos: oferecemos-lhe lhe Cristo em nós'.
Com isso queremos agradecer a todas as consagradas, leigos, jovens, benfeitores e amigos que construíram com nos a missão e fizeram possível levar Cristo aos pobres, com esses sentimentos informamos que nossas irmãs foram enviadas a missão de El Salvador. Deus abençoe a todos!".
Expulsões de religiosos
As irmãs já estavam prestes a sair do país na próxima semana, porque a ditadura sandinista não havia renovado a sua permissão de residência. A comunidade iria dar continuidade ao seu apostolado em El Salvador. A congregação, fundada no Brasil pelo pe. Gilson Sobreiro e hoje presente em 14 países, estava na Nicarágua havia 7 anos, atuando sobretudo junto aos pobres mediante a distribuição de alimentos, além, é claro, de se dedicar à oração.
A negativa do regime de Ortega em renovar a permissão de residência de religiosos estrangeiros tem sido um expediente comum para expulsá-los na prática do país. Oficialmente, 40 freiras e 44 religiosos foram expulsos da Nicarágua nos últimos 5 anos, mas Martha Molina garante que o número real é muito maior.
Entre os casos de maior repercussão internacional esteve o da expulsão das das Missionárias da Caridade, a ordem fundada pela Santa Madre Teresa de Calcutá: neste próximo 6 de julho, completa-se o primeiro aniversário da sua saída forçada do país chefiado por Daniel Ortega e sua mulher e vice-presidente Rosario Murillo.