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É normal a pessoa sentir medo?

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Julia A. Borges - publicado em 23/07/23
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Há uma frase de Santa Teresa Benedita da Cruz que assim diz: “Ter coragem é ir com medo”. Entenda:

Viver é a maior aventura do ser humano, é a experiencia na qual ninguém pede para participar, mas uma vez já estando nela, não há mais a vontade de sair, mesmo com tantos contratempos. A vida desafia, inquieta qualquer capacidade de raciocínio, e convida, muitas e muitas vezes, a ir além da vontade própria, do intuitivo, ou até mesmo do trivial. Viver é estar constantemente entregue às penosas provações que atestam a nossa frágil condição humana. Essa vulnerabilidade, no entanto, é motivo de desagrado ou de vexaminoso para alguns que tentam, custosamente, desafiar o mundo com o único intuito de mostrar que não possuem medo; como gigantes e superiores.

Há uma frase de Santa Teresa Benedita da Cruz que assim diz: “Ter coragem é ir com medo”. Assim como um mundo livre de ameaças não existe, a faculdade do medo presente no ser humano não está lá inutilmente, há um propósito, já que esse sentimento gera uma prudência que possibilita, em vários momentos, o uso racional de nossas habilidades, e possuidores dessa cautela, passamos a ser mais responsáveis pelas nossas ações. Porque, o que se deve entender é que o problema nunca foi sentir medo, mas sim, parar nele, findando com o potencial de ir além, de prosseguir, de evoluir. 

Se o medo faz parte da natureza humana, não será lutando contra ele que venceremos, nem, tampouco, tentando eliminá-lo de nossas vidas; mas devemos ser capazes de entendê-lo e analisá-lo para que através dele, agir com sabedoria e moderação. Afinal, aniquilar tal sentimento colocaria o indivíduo sujeito a situações bem perigosas e que teriam sido evitadas se tivesse feito maiores ponderações. A fraqueza não se encontra na esfera do medo, mas na esfera da desistência. 

Algo a temer

Eis uma coisa apropriada a se temer: o pecado e o que ele faz conosco, individual e coletivamente. Muitos não prestam atenção nisso. Correm para os negócios e vivem despreocupados sobre onde passarão a eternidade. Temem perder a saúde, a ruína financeira e o envelhecimento, coisas sobre as quais o Senhor diz: “Não temas”. Preocupam-se com seus corpos, mas não com suas almas. E deixam de temer a única coisa que deveriam: a proximidade do dia do juízo. 

Quando pequenos, sentimos medo de nossos pais brigarem conosco, sabemos que devemos obedecer suas imposições para que não venham nos censurar depois. O respeito, neste momento da vida, ainda é pelo medo; mas, com o tempo, vamos criando maiores capacidades de compreensão e nosso amor por eles vai se tornando mais e mais real, então, a partir daí, seus pedidos e exigências vão sendo atendidos pelo respeito. Assim também é na relação com Deus: à medida que amadurecemos na fé, esse temor por Jesus deve passar a ser um medo amoroso, pelo qual O temos em grande estima, em vez de nos encolhermos com pavor da punição.

Somos chamados a usar a sabedoria para uma verdadeira união em Cristo, e para tal, é importante entender a nossa capacidade humana, nossa limitação e a inevitável condição do medo, sentimento com o qual devemos conviver diariamente, mas se interpretado com inteligência, saberemos fazer de cada nova circunstância um meio de estar mais próximo de Deus.