Há dez anos, em sua primeira viagem ao exterior, o Papa Francisco aterrissou no Brasil para participar da Jornada Mundial da Juventude de 2013, no Rio de Janeiro.
Hoje, as bandeiras e cânticos brasileiros estão omnipresentes nas ruas de Lisboa, já que a Conferência dos Bispos do Brasil estima que cerca de 10.000 peregrinos vieram a Portugal para participar da JMJ de 2023.
A Aleteia conversou com dois peregrinos brasileiros de São José dos Campos, interior de São Paulo que estão em Lisboa. Eles contaram o que mudou em suas vidas nos últimos dez anos, desde que a JMJ foi realizada no país deles.
De criança a seminarista
Pedro de Souza Ribeiro tinha apenas oito anos quando o Papa Francisco foi ao Brasil, em 2013. Embora fosse muito novo para ir ao Rio de Janeiro para os principais eventos, ele pôde assistir à missa que o Pontífice celebrou no Santuário de Aparecida, pois mora perto de lá.
Ele e a mãe colocaram-se no trajeto previsto para o Papa passar. "A minha mãe tinha a esperança de me levantar para o Papa me pegar", explica o jovem. Entretanto, o Pontífice acabou fazendo um caminho diferente e não passou por eles. "Eu me lembro perfeitamente dele falando - depois que acabou a missa, em um clima mais descontraído - que ele ia voltar. Ele ainda não voltou, então eu estou aqui para cobrar dele que ele volte pro Brasil", brincou Pedro. Ele está em seu ano propedêutico para discernir a vocação ao sacerdócio.
"Tudo que podia mudar mudou desde então. Naquela época eu já pensava em ser padre e hoje eu estou conseguindo entrar no seminário. Antes eu era só um pequenino, um ‘Pedrinho’ que estava ali, meio perdido, não entendendo bem o que estava acontecendo", explicou Pedro, acrescentando: "Eu não sabia direito quem era o papa, então acho que o que mais mudou é a maturidade. E também de saber o que é ser padre, porque eu estou entrando nesse caminho".
"Ele falou do contato íntimo com Deus e com a oração. É algo que vai mudar o jeito que eu vejo a oração no seminário, porque às vezes a gente corre o sério perigo de virar rotina e a gente acaba fazendo de maneira automática. É algo que vai mudar o meu jeito de ser seminarista, e, se Deus quiser, de ser padre", concluiu o jovem.
Amadurecimento da fé
Bruno Andrade Gabriel foi à JMJ do Rio de Janeiro em 2013. Na época, ele tinha 15 anos. “Participar daquela JMJ foi um grande impulsionador para iniciar minha jornada de amadurecimento na fé cristã”, disse o jovem de 25 anos. "Foi uma experiência que a gente quis colher lá e depois a gente falou: 'Vamos para a próxima', e depois a outra, e essa já é a quarta em que a gente vai", explica.
“Cada jornada é uma experiência diferente, apesar de ter uma programação muito próxima. Ontem nós tivemos a alegria de ver o Papa muito próximo, ele passou devagar. Foi uma emoção incrível, eu até chorei na hora. Ver a presença de Deus, na pessoa de Francisco, foi emocionante", revela o peregrino brasileiro.
Bruno também explicou que para esta JMJ, pela primeira vez, ele está hospedado em uma acomodação da Igreja, e não com famílias de acolhida. “Estamos em um alojamento onde temos que tomar banho frio, dormir no chão e ficar na fila para usar o banheiro. Tem sido uma experiência diferente em termos de abdicar das nossas comodidades, mas tem sido muito boa.”
Tão boa que ele dá um conselho: “Para todos os jovens, vale a pena ir à JMJ. […] Vale a pena se esforçar e lutar para vir porque participar da JMJ é uma experiência realmente única”.