A lista de ordens e congregações católicas diretamente atacadas pela ditadura comandada pelo ex-guerrilheiro Daniel Ortega na Nicarágua já incluía nomes tão emblemáticos quanto o dos jesuítas e o das Missionárias da Caridade. O novo nome de impacto adicionado à lista é o dos franciscanos.
Os frades cuja origem remonta a São Francisco de Assis estavam presentes na Nicarágua havia mais de 58 anos. Nesta semana, o regime ditatorial nicaraguense extinguiu a sua personalidade jurídica, bem como a de mais 16 organizações ligadas à Igreja Católica ou a outras denominações cristãs. Além do encerramento, a decisão da ditadura, publicada no diário oficial La Gaceta, determina, sem surpresas, o confisco de todos os bens dos franciscanos na Nicarágua, incluindo os imóveis.
A falácia utilizada pelo regime para respaldar a decisão arbitrária é a da alegada falta de transparência dessas instituições no tocante ao seu finaciamento. No caso dos jesuítas, que sofreram a extinção jurídica e os confiscos em agosto, a acusação ia ainda além e lhes atribuía até mesmo apologia ao terrorismo.
O ditador Daniel Ortega e sua mulher e vice-presidente Rosario Murillo intensificaram as perseguições à Igreja Católica após os grandes protestos populares de 2018 contra o regime e seus atropelos às liberdades constitucionais. Ortega considera que a Igreja foi um dos principais promotores daquelas manifestações.
Na semana passada, a ditadura expulsou do país doze sacerdotes, que foram recebidos pelo Vaticano. O grupo não inclui, porém, o bispo dom Rolando Álvarez, condenado ilegalmente a mais de 26 anos de prisão, em fevereiro, por supostamente "conspirar contra a nação".