A tradição bíblica (escrita e oral, canônica e apócrifa) entende que Satanás não está sozinho em sua missão de tentar, prejudicar e desencaminhar a humanidade. Ele está acompanhado por demônios – espíritos malignos, cuja missão principal é perturbar o propósito das vidas humanas.
O Catecismo da Igreja Católica explica: "Por detrás da opção de desobediência dos nossos primeiros pais, há uma voz sedutora, oposta a Deus, a qual, por inveja, os faz cair na morte. A Escritura e a Tradição da Igreja vêem neste ser um anjo decaído, chamado Satanás ou Diabo. Segundo o ensinamento da Igreja, ele foi primeiro um anjo bom, criado por Deus. «Diabolus enim et alii daemones a Deo quidem natura creati sunt boni, sed ipsi per se facti sunt mali –De fato, o Diabo e os outros demônios foram por Deus criados naturalmente bons; mas eles, por si, é que se fizeram maus»" (CIC 391-392).
O livro do Apocalipse apoia esta noção de que Satanás não estava sozinho em sua rebelião contra Deus:
"Houve uma batalha no céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o Dragão. O Dragão e seus anjos travaram combate, mas não prevaleceram. E já não houve lugar no céu para eles. Foi então precipitado o grande Dragão, a primitiva Serpente, chamado Demônio e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Foi precipitado na terra, e com ele os seus anjos."
Acredita-se que exista um grande número de anjos no Céu, um número que a mente humana simplesmente não consegue compreender. Com isso em mente, o número de anjos caídos (uma terça parte de um corpo praticamente inumerável) não pode ser considerado pequeno.
Demonologistas, teólogos e outros especialistas bíblicos argumentaram que esta pode ser uma das razões que explicam a propagação da influência de Satanás por todo o mundo.
As tradições monoteístas abraâmicas compreenderam, então, que desde esta queda inicial no início da criação, Satanás e os seus demônios têm os humanos na sua mira. O livro do Apocalipse explica novamente que o dragão “se irritou contra a Mulher e foi fazer guerra ao resto de sua descendência, aos que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Apocalipse 12,17).
Na Bíblia, os humanos são concebidos como a pérola da criação de Deus. Satanás, por outro lado, é apresentado constantemente fazendo tudo o que está ao seu alcance para destruir aquela pérola. Isto significa tentar os seres humanos, levando-os à destruição, a fazer escolhas erradas que fomentam um espírito de rebelião nos seus corações. O objetivo final de Satanás consiste em levar os humanos a rejeitar totalmente a Deus, juntando-se a ele na sua miséria eterna.
Mas a teologia também traz boas notícias: os demônios estão longe de ter poder infinito e são tecnicamente bastante inofensivos para uma alma em união com Deus. Eles não podem fazer nada além de assustar e tentar, enquanto os seres humanos podem certamente invocar o poder de Deus para expulsá-los de suas vidas.
Eles são totalmente impotentes quando comparados à majestade e glória de Deus. Os demônios certamente podem causar estragos no mundo, mas somente se os seres humanos cooperarem com eles. Vários relatos hagiográficos diferentes de encontros com esses espíritos caídos concordam em apresentar os demônios como fugindo covardemente daqueles que buscam a graça de Deus.