A Basílica de São Pedro lançou uma nova revista mensal intitulada "Piazza San Pietro" (Praça de São Pedro) para o Jubileu de 2025. A revista incluirá uma seção onde o Papa Francisco responderá a uma carta enviada por um leitor. Na primeira edição, publicada em dezembro, o Pontífice responde à carta de uma avó, que está preocupada com a neta de 5 anos, que não foi batizada.
“O que Jesus pensará sobre isso?”, escreve a avó preocupada, Oliva, de Bérgamo, no norte da Itália.
“O Batismo não pode ser imposto a pais que não o querem para seus filhos. No entanto, vocês, avós, com o vosso exemplo, podem abrir muitos corações que parecem fechados,” responde o Papa.
Essa nova revista mensal faz parte de uma série de iniciativas de comunicação, incluindo uma nova webcam que mostrará o Túmulo de São Pedro, organizadas pela Basílica de São Pedro para o Jubileu de 2025. A primeira edição desta nova revista conta com cerca de 80 páginas — das quais cerca de 15 são de publicidade.
A dificuldade de Oliva
“Sou avó de três netinhos, e a chegada deles foi um grande presente que trouxe muita alegria para nós, avós, e para nossas duas filhas”, escreve Oliva em sua carta ao Papa.
Ela explica que sua neta mais nova, de 5 anos, “não foi batizada porque os pais, casados civilmente, se afastaram do Senhor durante a adolescência” e ainda hoje não têm interesse em conhecer a Deus.
“Isso causa grande sofrimento em mim, pois sei o quanto é importante ter o Senhor ao nosso lado, orar a Ele, ouvi-Lo e acolher Seu amor”, continua a avó. “Imagino minha netinha sem esse grande presente, sem o Sacramento do Batismo, ela tão curiosa para conhecer a história de Jesus com tantas perguntas.”
“O que Jesus pensará sobre isso?”, pergunta Oliva.
“Continuarei a orar para que Ele nos ajude a abrir o coração de seus pais e que possa acompanhar minha netinha nas provações da vida, sendo seu amigo e companheiro de viagem”, conclui Oliva, pedindo ao Papa por “consolo e conselho.”
A resposta do Papa: “Entendo o seu sofrimento”
“Entendo o seu sofrimento e estou perto de você”, escreve o Papa Francisco em sua resposta. “O Batismo é um grande presente que podemos dar aos mais pequenos, porque é o primeiro dos sacramentos, é a porta que permite a Cristo Senhor e o Espírito Santo habitarem, tomarem morada, na nossa pessoa.”
“Batizar uma criança significa confiar no Senhor, no Espírito Santo, porque [...] o Espírito Santo entra nela, e o Espírito Santo faz crescer nessa criança, desde pequena, as virtudes cristãs que, mais tarde, florescerão”, explica o Papa.
Para aqueles que se perguntam qual é o sentido de batizar uma criança, já que ela não pode compreender o que está acontecendo, o Papa Francisco diz que é a oportunidade para os pais darem “algo extraordinário” aos filhos, que é a capacidade de se sentir filhos de Deus e entender que Ele é um Pai que “nos acompanhará sempre na vida.”
Paciência e ser um exemplo
“Se os pais se afastaram da fé, não devemos perder a confiança. A oração pode fazer muito. Ela faz milagres”, disse o Pontífice a Oliva, citando o exemplo de Santa Mônica e suas “orações incessantes” pela conversão de seu filho, Santo Agostinho.
“Com a oração, amem com a esperança da ressurreição. O amor autêntico e desinteressado cria laços fortes, que podem ser surpreendentes.”
“Não se preocupem demais com as festas mundanas, pois esse é um dos motivos que às vezes leva muitos a se afastarem da fé”, continuou o Papa, pedindo que Oliva tenha paciência e viva sua fé de forma simples em sua paróquia.
“O Batismo não pode ser imposto a pais que não o querem para seus filhos. No entanto, vocês, avós, com o vosso exemplo, podem abrir muitos corações que parecem fechados. Sigam sempre o diálogo, [...] com esperança, com mansidão e com caridade”, incentivou o Papa.
“Acompanhem seus filhos, falem com eles, mas sem insistir na proposta de Batismo. O amor gratuito é mais persuasivo do que muitas palavras. O amor de Deus semeia o futuro, a amizade, a busca por Ele, e nós não conhecemos os tempos.”
“A oração certamente os ajudará. Verão. Coragem, sigam em frente juntos e não se esqueçam de orar por mim”, conclui o Papa, assinando simplesmente “Francisco”.