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Deus me vê, mas e eu?

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Padre Paulo Ricardo - publicado em 26/11/19

Considerar a presença de Deus é um chamado constante à retidão de vida

E se tivéssemos permanente consciência de que Deus está a nos olhar o tempo todo, aonde quer que vamos?

É com o coração exultante que o autor dos Salmos meditava sobre esse mistério. Todo o Salmo 138, por exemplo — “Senhor, vós me sondais e conheceis, sabeis quando me sento ou me levanto…” —, não passa de um grande louvor à onisciênciae onipresença divinas. O porquê de louvá-las, é o próprio salmista quem no-lo apresenta, ao finalizar com estes versos: “Senhor, sondai-me, conhecei meu coração, examinai-me e provai meus pensamentos! Vede bem se não estou no mau caminho, e conduzi-me no caminho para a vida!” (v. 23-24). Noutro lugar o salmista dirá, já não em forma de súplica, mas em tom declaratório: “Tenho sempre o Senhor ante meus olhos, pois se o tenho ao meu lado não vacilo!” (Sl 15, 8).

Ou seja, considerar a presença de Deus é um chamado constante à fidelidade, à retidão de vida, à vigilância. Se Ele está sempre comigo, se em lugar algum posso me ocultar de seu espírito, se não há lugar para onde fugir de sua face (cf. Sl 138, 7), então devo ser sempre fiel, preocupar-me em agir retamente o tempo todo, estar pronto para cumprir com sua vontade a todo momento… Sem “descanso”

Mas entenda-se bem: qual o conceito que temos de descanso? É o de quem chega exausto a casa após um dia inteiro de trabalho e pode, até que enfim, meter-se uma bermuda, enfiar o chinelo de dedo e despejar-se tranquilo na poltrona. Durante todo o dia, o bom trabalhador foi solicitado, cobrado, exigido… À noite, porém, ele quer descansar, alheio a tudo e a todos, sem que lhe solicitem, cobrem ou exijam nada.

Agora, veja o pai de família se pode comportar-se assim, tendo em casa uma esposa, tão ou mais cansada do que ele, para ajudar e um punhado de filhos, repletos de energia, para educar, sem falar de tantas coisas da casa que inevitavelmente quebrarão e ele terá de consertar. Não, não há descanso para o pai de família, não pelo menos se ele quiser servir bem os de sua casa… Pois bem, se tantos agem dessa forma movidos por um amor meramente humano, por que deveriam ser menos generosos os cristãos, os servos do Deus vivo, que trazem dentro de si (ou deveriam trazer), ardente, intensa, inextinguível, cada vez maior, a chama da caridade divina?

E, no entanto, aonde têm ido os nossos corações? Por que (des)caminhos têm errado? Para onde vão dirigidos os nossos pensamentos? Com que estão sendo gastas nossas energias?

Comecemos pela tortura que pode representar para muitos a ideia de um Deus onisciente e onipresente, que observa todos os nossos passos. Diante dessa verdade, o que muitos gostariam de fazer? Cantar um salmo ou um hino de louvor?

Para o homem justo do Antigo Testamento, até que sim; para o homem redimido por Cristo, curado e libertado no Sangue de Nosso Senhor, pode até ser. Para Adão, porém, e para a maior parte da humanidade que ainda ignora o Evangelho, a atitude mais provável seria esconder-se atrás de um arbusto ou, pior, rebelar-se abertamente contra o Criador. Em sua malícia, em seu desejo de pecar, o que muitos gostariam de fazer mesmo (e tantos outros efetivamente fazem) é proclamar que Deus não existe, só para viverem a seu modo e “sem consequências”.

Padre Paulo Ricardo

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