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Conheça duas mães que vivem em campos de refugiados na Grécia

REFUGEES, CAMP, GREECE

Giannis Papanikos | Shutterstock

I. Media - publicado em 30/11/21

De Camarões e do Afeganistão, unidas no sofrimento... e na expectativa da visita do Papa

Cinco anos após sua primeira visita, o Papa Francisco vai Lesbos novamente, em 5 de dezembro de 2021. Duas mulheres concordaram em testemunhar sobre sua experiência como refugiadas na Grécia, tendo passado pelas ilhas do Egeu, que se tornaram símbolo da crise migratória no Mediterrâneo nos últimos anos.

Zita – camaronesa

Zita é mãe de três filhos, mas não os vê desde que saiu de Camarões, onde as condições de vida se tornaram impossíveis. Depois de uma longa jornada, ela foi primeiro para a Turquia, onde ficou por vários meses. Mas “não correu bem; eu não consegui encontrar um emprego”, ela explicou a I.Media.

Então ela tentou chegar à Europa de barco inflável. “Foi muito arriscado”, lembra ela. “Atravessamos o mar. Chegamos à Grécia, a Samos, em 30 de outubro de 2019.” Para Zita, o campo de refugiados da ilha de Samos, a cerca de cem quilômetros ao sul de Lesbos, “é o inferno; é muito, muito, muito difícil viver naquele acampamento”. Ela ficou lá por quase dois anos, antes de ser transferida em 30 de agosto de 2021, para outro lugar a uma hora de Atenas.

Hoje, a mulher camaronesa vive em um contêiner com outras três mulheres, sem trabalho e sem apoio econômico. “Eu daria qualquer coisa para ir para outro país”, diz ela à beira das lágrimas, expressando sua angústia.

Zita é cristã? “Sem dúvida”, ela responde com convicção. Ela espera que a vinda do Papa Francisco melhore as condições dos refugiados: “Na Grécia é tão difícil… E aqueles que ficaram em Samos dizem que o novo campo é como uma prisão”.

Sara – afegã

No Afeganistão, os artigos que Sara (nome fictício, por razões de segurança) sobre o tratamento às mulheres no Islã não caíram bem. Atacada várias vezes na rua e ameaçada, a a escritora deixou seu país em junho de 2019. Sozinha com seu filho de quatro anos, ela primeiro foi para o Irã, depois atravessou ilegalmente a fronteira com a Turquia, à noite, pelas montanhas.

Então começou uma viagem de seis meses rumo à Grécia. “Tivemos que parar cinco vezes; os barcos, de cerca de 10 metros, estavam sobrecarregados com cerca de 50 pessoas cada”, diz a jovem afegã em um inglês hesitante. Na sexta travessia, em janeiro de 2020, Sara e seu filho desembarcaram em Samos, onde viveram por 15 meses em um acampamento de tendas em uma floresta.

Tendo obtido o status de refugiada — mas ainda esperando por documentos — ela foi então transferida para Atenas, em um abrigo compartilhado com outras duas mães solteiras. A situação continua dramática, sem assistência estatal: “Alguns refugiados têm familiares que trabalham, mas mulheres como nós não têm ajuda com as crianças”.

Sara, que é filha de muçulmanos mas não segue o Islã, vê a visita do Papa como um evento de paz. “O Papa é um homem de paz. Ele transmite essa mensagem em suas viagens”, afirma.

Paz é o que Sara está procurando, e planeja emigrar para outro lugar. “Eu gostaria de publicar minhas memórias como refugiada, quando meu espírito se tornar livre. Não conseguimos encontrar paz aqui. Se não tivermos condições mínimas satisfatórias, não poderemos continuar…”

Ela também espera que a visita do Papa destaque a crise migratória. “Acho que se falou muito sobre isso no início, mas agora as pessoas estão esquecendo os refugiados na Grécia.”

Números

De acordo com a Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), mais de um milhão de migrantes chegaram à costa grega desde 2014; e quase 8.000 desde o início de 2021.

Recentemente, os antigos campos em Samos e Lesbos fecharam. Seus ocupantes foram transferidos para o continente grego, para países da Europa ou para outros acampamentos nessas ilhas.

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