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A cruz escolhida por Charles de Gaulle em resposta à suástica de Hitler

Cross of Lorraine

Franck Legros | Shutterstock

Lucien de Guise - publicado em 02/12/21

A Cruz da Lorena foi o único símbolo da Segunda Guerra Mundial a realmente combater a cruz distorcida do partido nazista

Charles de Gaulle nasceu há 121 anos. Ele morreu com 80 anos. Embora sua grandeza às vezes seja questionada, ele foi sem dúvida o francês mais notável a libertar sua terra natal da ocupação nazista.

Parte do sucesso de De Gaulle foi devido ao simbolismo. Isso foi até certo ponto uma consequência de seu catolicismo. De Gaulle soube valorizar o simbolismo da fé para as Forças Francesas.

A Cruz da Lorena

De Gaulle era totalmente diferente dos franceses antissemitas, baseados em Vichy, que colaboraram com os ocupantes nazistas. Seguidores de outras religiões foram recebidos em seu governo no exílio, com sede em Londres. Seu simbolismo era igualmente diferente. Enquanto o líder do estado fantoche de Vichy escolheu um machado ameaçador de estilo fascista para colocar no centro da tricolor francesa, de Gaulle usou a Cruz da Lorena.

A cruz foi concebida como uma resposta ao design da suástica, tão importante para Hitler. As origens da Cruz da Lorena como uma resposta do bem ao poder demoníaco do emblema nazista são menos certas.

Não foi o próprio De Gaulle quem criou o projeto. Ele era um militar com interesse em história, mas não em arte. O símbolo em si se originou longe, na Hungria, seguindo o antigo cristianismo bizantino. Incorporá-lo à bandeira francesa foi uma escolha improvável e, no entanto, um contraponto brilhante à perversão da cruz criada por Hitler.

Associação com Santa Joana d’Arc

Lorena era mais do que uma terra encharcada de sangue de soldados franceses e alemães, também foi o berço de Santa Joana d’Arc. A mártir que morreu aos 19 anos, depois de liderar um exército francês, era uma filha surpreendente do Ducado de Lorena. Para uma mulher ter alcançado o que ela fez, naquele contexto, foi excepcional para qualquer idade. Ela estava tentando livrar seu país dos ingleses, que a queimaram na fogueira como herege. Foi uma das maiores injustiças das intermináveis guerras entre a Inglaterra e a França.

Pelo menos a Igreja da Inglaterra comemora esse santa católico, descrita por Winston Churchill como “a maior heroína da história europeia”.

Só mais tarde que Santa Joana d’Arc passou a ser associada à Cruz da Lorena, em inúmeros brasões. Mas, de fato, Lorena começou a usar esta forma especial da cruz em 1431 – o mesmo ano em que Joana foi executada depois de um ano em cativeiro.

A busca por um símbolo

De Gaulle provavelmente não teria escolhido a Cruz de Lorena com duas barras – ou a Cruz Latina de uma barra, mais típica – se outra pessoa não tivesse sugerido.

Em 1940, imediatamente após a invasão alemã, De Gaulle fugiu para Londres. Ele precisava de um símbolo de combate e uma bandeira que diferisse da antiga tricolor lisa que os colaboradores de Vichy continuaram a usar.

Há muito desacordo sobre quem propôs a Cruz de Lorena. Pode ter sido o Almirante Emile Muselier, o principal oficial da Marinha Francesa. Embora ele não fosse de região de Lorena, seu pai se originou de lá.

Ou teria sido outro oficial da marinha, Thierry d’Argenlieu? Este era subordinado de Muselier e um indivíduo muito mais inclinado espiritualmente. Após a Primeira Guerra Mundial, ele se tornou padre carmelita. Quando a Segunda Guerra Mundial aconteceu, ele voltou como capelão e logo foi escalado para posições altas na Marinha Francesa. Mais tarde, ele se retirou para um mosteiro.

O apelo da Cruz de Lorena para a maioria dos seguidores estava em suas associações patrióticas com a luta pela liberdade. Para De Gaulle, ao que tudo indica, havia um forte significado religioso.

É um símbolo que dificilmente vive na França secular, embora o memorial da Cruz de Lorena, de quase 50 metros de altura, atraia muitos visitantes. O próprio túmulo de De Gaulle é marcado por uma Cruz Latina simples. O cemitério fica perto do enorme memorial da Cruz de Lorena.

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