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Por que a tradição cita 25 de março como a data da crucificação de Jesus?

A crucificação de Jesus

Soloviova Liudmyla | Shutterstock

Philip Kosloski - publicado em 24/03/23

Segundo um riquíssimo simbolismo, esta é a data não só da morte de Jesus, mas de inúmeros eventos bíblicos. Mas será que foi mesmo?

Como os cristãos de todos os lugares revivem a Paixão e Morte de Jesus Cristo na celebração móvel da Sexta-Feira Santa, é fácil esquecer que Jesus morreu em um dia histórico específico. Mas qual terá sido esse dia?

Para alguns teólogos, o dia da morte de Jesus foi 3 de abril de 33, porque corresponde aos dados históricos sobre um eclipse lunar ocorrido naquela data. Segundo o site Star of Bethlehem, “apenas um eclipse lunar ocorrido na Páscoa foi visível em Jerusalém enquanto Pilatos esteve no cargo: o do dia 3 de abril de 33 d.C.”.

Tradições medievais, porém, relatam uma história diferente.

Os cristãos do passado acreditavam que Jesus morreu em 25 de março e atribuíram vários outros eventos importantes a esse dia.

Pensava-se que 25 de março era tanto o dia da criação de Adão e Eva quanto o dia da sua desobediência no Jardim do Éden. Teria sido, além disso, o dia em que Lúcifer caiu do céu e o dia em que o povo israelita atravessou o Mar Vermelho para iniciar a sua jornada rumo à terra prometida. A tradição afirma ainda que foi também esse o dia em que Isaac esteve prestes a ser oferecido como sacrifício por seu pai Abraão.

E não para por aí.

A Igreja continua a celebrar no dia 25 de março a festa litúrgica da Anunciação, ou seja, o dia em que o arcanjo Gabriel visitou a Santíssima Virgem Maria e lhe anunciou que ela daria à luz o Filho de Deus.

Mas por que os cristãos colocariam todos esses eventos significativos no mesmo dia?

Embora seja altamente improvável que todos esses eventos tenham mesmo ocorrido em 25 de março, os cristãos queriam enfatizar as profundas conexões espirituais entre todos eles. Um texto de Santo Irineu de Lyon traz um lampejo das associações espirituais entre esses diversos eventos da história da salvação: “o nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria, pois o que a virgem Eva havia atado com a sua incredulidade, a virgem Maria desatou com a sua fé”.

Essa tradição reforça que Jesus veio inaugurar uma nova criação e desfazer a desobediência de Adão e Eva com obediência total e inabalável ao Pai. O alinhamento desses eventos nos lembra que Jesus veio derrotar o pecado e a morte e abrir as portas do céu, como nova Terra Prometida. Nesse dia, Jesus tornou-se o verdadeiro Cordeiro de Deus, que voluntariamente se sacrificou no madeiro da cruz. Foi o dia em que Jesus veio ao mundo no ventre de Maria e o dia em que Jesus deixou este mundo para o ventre do sepulcro, de onde ressuscitaria triunfante.

O simbolismo espiritual desta data conecta tudo na história da salvação, ressaltando a maravilhosa providência de Deus.

25 de março pode não ter sido o dia histórico da crucificação ou de qualquer um desses outros eventos, mas as conexões simbólicass entre todos eles são reais e profundas para a nossa contemplação.

Tags:
CruzHistória da IgrejaJesusSemana Santa
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