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Ainda faz sentido a castidade para os namorados católicos antes do casamento?

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oneinchpunch | Shutterstock

Francisco Vêneto - publicado em 15/08/23

A castidade é uma espécie de acréscimo do ágape ao eros

Ridicularizada pela cultura mundana, que não compreende a sua essência, a virtude da castidade é altamente estimada pela doutrina católica, já que sintetiza amor e sacrifício com excepcional harmonia.

Para entender a castidade, portanto, é preciso antes entender o que são o amor e o sacrifício a partir da perspectiva cristã.

O amor cristão por excelência é o do nível ágape, ou seja, a perfeita caridade, que consiste em amar sem esperar nada em troca, a ponto de dar a vida pela pessoa amada. A referência perfeita de ágape é o amor de Deus, mas, no nível humano, costuma-se exemplificá-lo com o amor sem reservas da mãe pelos filhos, inclusive quando são ingratos e não retribuem na mesma medida.

Embora o ágape seja sem dúvida o mais sublime dos graus do amor, também existem os níveis eros e filia. Eros é o amor que busca a própria satisfação – daí vem o termo erótico, relacionado com a busca de satisfação física mediante o prazer sexual. Já filia é o amor de reciprocidade, caracterizado, por exemplo, pela relação entre grandes amigos – aliás, o termo significa justamente “amizade”, em grego.

Os três níveis formam uma espécie de escada: no primeiro degrau, o eros é o amor que espera a própria satisfação; no segundo, a filia é o amor que busca o equilíbrio da reciprocidade; no terceiro, o ágape é o amor que se entrega sem reservas e sem esperar nada em troca.

A castidade é uma espécie de acréscimo do ágape ao eros. Para um casal católico, a castidade fomenta a entrega plena dos cônjuges um ao outro, ao mesmo tempo em que os recompensa também fisicamente com a satisfação proporcionada de modo natural e legítimo pelo ato sexual aberto à vida.

Vista desta perspectiva, a castidade que se pede aos namorados não é a mera abnegação cega, nem uma negação masoquista do prazer sexual, nem, muito menos, uma demonização do sexo. A castidade não nega o prazer sexual: ela o contextualiza e eleva, fazendo com que valha a pena esperar por essa entrega plena dentro de uma relação que se compromete com a plenitude.

Ao praticarem a castidade, os namorados católicos reforçam o respeito mútuo e a valorização do outro como pessoa. Enquanto esperam para entregar-se um ao outro no sacramento do matrimônio, os namorados amadurecem outras facetas essenciais do seu relacionamento, como o cultivo de um projeto de vida em comum, baseado em sólidos valores compartilhados e na busca de crescimento humano e espiritual conjunto.

Quanto à dimensão sacrificial da castidade, ela confere a esta virtude um caráter de autocontrole e disciplina, fundamental para lidar com os desafios e tentações que naturalmente surgirão no relacionamento ao longo do tempo. Ao renunciarem a momentos imediatistas de prazer físico e se preservarem para desfrutar deles dentro do matrimônio sacramental, os namorados católicos fortalecem o próprio caráter e se preparam para um amor mais profundo no casamento. Este sacrifício da espera também amadurece a paciência e cultiva um grau de comprometimento que fará grande diferença na vida do casal.

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