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Por que Etty Hillesum inspirou Bento XVI

ETTY HILLESUM

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Anna Kurian - publicado em 01/12/23

Há 80 anos, Etty Hillesum morria no campo de concentração de Auschwitz. O Vaticano prestou-lhe uma sincera homenagem

Há cerca de 80 anos, Etty Hillesum morreu em Auschwitz aos 29 anos. Ela era de família judia, mas estava longe de qualquer prática religiosa. Assassinada pelos nazistas, deixou escritos que testemunham sua busca por uma “nova linguagem” para falar de Deus “no inferno dos campos”.

Isto foi sublinhado na quarta-feira, 29 de novembro de 2023, pelo Cardeal José Tolentino de Mendonça, Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, num seminário dedicado à jovem e organizado em Roma sob os auspícios da Embaixada dos Países Baixos junto da Santa Sé. O próprio cardeal português sugeriu que a embaixadora holandesa junto à Santa Sé, Annemieke Ruigrok, celebrasse o aniversário de Etty Hillesum, que é considerada uma grande mística.

O prefeito de 57 anos, próximo do Papa Francisco, é coautor de um livro sobre Etty Hillesum. Ela se tornou mundialmente conhecida graças ao seu diário, que registra sua jornada espiritual e existencial.

É, de fato, a “força espiritual” da jovem que toca pessoalmente o cardeal. Uma força que não sugere “fugir”, mas “nos impele a ficar”, apesar do horror. “Não nos permite desistir, mas permite-nos continuar a bater à porta, dentro e fora de época”, disse o prefeito durante o seminário na Pontifícia Universidade Gregoriana.

Um “despertar espiritual”

Etty passou por um “despertar espiritual” de três anos. Foi também uma jornada “solitária”. Ela teve que “inventar-se”, enfatizou o cardeal. Ele acredita que ela pode ser inspiradora para os jovens de hoje. 

Em sua trajetória, ela se inspirou no poeta Rainer Maria Rilke, mas também em grande parte na Bíblia, incluindo passagens do Novo Testamento, como o Sermão da Montanha.

Este caminho levou-a a escrever algumas das “orações mais extraordinárias que um ser humano pode proferir”, mesmo quando o seu mundo estava em colapso sob a invasão alemã”, disse o cardeal. E, continuou o prefeito, levaria também esta “amante de Deus” a professar a sua esperança indelével na sua última carta, que assinou com estas palavras: “Partimos para o acampamento cantando”.

Bento XVI apresentou-a como exemplo há 10 anos 

Muitos outros foram edificados pela jornada de Etty Hillesum. Bento XVI apresentou-a como exemplo aos fiéis católicos, e num contexto muito particular: dois dias depois de anunciar a sua renúncia ao trono de Pedro.

Na sua catequese, assistida por milhares de católicos emocionados com a renúncia do seu Papa, citou a judia holandesa. Depois disse: “Na sua vida perturbada e inquieta, ela encontrou Deus no meio da grande tragédia do século XX: a ‘Shoah’. Esta jovem frágil e insatisfeita, transfigurada pela fé, tornou-se uma mulher cheia de amor e de paz interior, capaz de declarar: ‘Vivo em constante intimidade com Deus’”.

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