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Desabafo de professor católico sobre “ignorância e autoritarismo clericais” viraliza no Brasil

Colarinho clerical

iweta0077 | Shutterstock

Reportagem local - publicado em 07/12/23

"Falta formação. E, perdoem-me a dureza: falta vergonha na cara", afirma o texto que está sendo compartilhado inclusive por padres

Está sendo amplamente compartilhado em grupos católicos brasileiros nas redes sociais um texto do professor Rudy Albino de Assunção intitulado “Um pequeno desabafo sobre
ignorância e autoritarismo clericais
“.

Mesmo sacerdotes estão compartilhando o texto, como é o caso do pe. Bruno Otenio, da diocese de Guarulhos, que comenta:

“Duro ler isso! Mas é extremamente honesto e verdadeiro! Parabéns pelas palavras proféticas!”.

Eis o texto na íntegra, conforme publicado pelo próprio professor Rudy Albino de Assunção em sua conta no Facebook:

“Um pequeno desabafo sobre ignorância e autoritarismo clericais

(Advertência: Não estou generalizando!)

Eu amo a Igreja. Tento não envergonhá-la demais com a minha gritante imperfeição. Ainda assim, sinto-me no direito, como filho dela, de fazer um desabafo. Boa parte das querelas litúrgicas e teológicas não existiria se muitos dos nossos ministros ordenados sentassem e lessem. Simples assim. Lessem a S. Escritura, lessem o Missal e a sua Instrução (que está à nossa disposição há 21 anos!) e lessem o Catecismo da Igreja.

Pessoas têm me perguntado se os seus párocos leram a Bíblia e o Catecismo… Uma pergunta como esta não esconde uma tristeza, uma frustração, uma inquietação, uma revolta?

Reflexos disso são as homilias sofríveis a que estamos sujeitos. Sobretudo de alguns que foram ordenados e que mal sabem ler o evangelho e não juntam uma ideia com outra com o mínimo de lógica e profundidade. Vamos falar a verdade: alguns que estão nos altares revestidos de brocados e rendas (ou com as ‘morcegonas’ bregas), se estivessem no mercado de trabalho, estariam penando por sua subsistência em trabalhos sem glamour e exposição pública (dignos, claro, mas sem a visibilidade do ministério).

Tenho visto vídeos de hierarcas usando de sua autoridade para negar o que está escrito. Furiosos negam cantos em latim, negam comunhão na boca e de joelhos.

Meu caros: foi-se o tempo em que as pessoas não tinham acesso a certas informações. Foi-se o tempo em que as pessoas diziam amém para tudo. ‘Leigos não instruídos’ é coisa do passado. Alguns que criticam tanto o clericalismo revestido de batina dizem – nas entrelinhas – simplesmente: ‘Façam o que estou mandando, ignorem o que vocês leram, porque eu sou o bispo/o pároco’.

Meu Deus! O atentado à fé sempre vem acompanhado do atentado à inteligência. Falta formação. E, perdoem-me a dureza: falta vergonha na cara.

Eu ministro muitas formações para outros leigos e sempre tenho que justificar o comportamento de certos párocos por terem recebido uma formação deficiente nos seus seminários. Mas não o farei mais. Hoje só não estuda e não se forma quem não quer. Casas de praia, celulares, carros, roupas de marca, viagens de férias. Essas coisas não faltam na vida de alguns. O que custa acrescentar uns livrinhos e umas horas de leitura? Isso nos pouparia de muitas reuniões, muitas dores da cabeça e muitas brigas.

Enfim: fica meu elogio aos ministros ordenados que vão na contramão dos seus irmãos de ministério que se acomodaram na sua ignorância e no seu mundo pequeno-burguês”.

Suicídios de sacerdotes motivaram texto crítico viral em 2021

Em 2021, outro desabafo crítico a respeito do clero viralizou no país, na ocasião discutindo as responsabilidades relativas ao crescente número de suicídios de sacerdotes.

A autoria do texto foi atribuída a um certo “pe. Simeão do Espírito Santo”, cuja identidade, porém, não pôde ser verificada. O texto foi vastamente compartilhado por dezenas de sacerdotes, religiosos e leigos católicos.

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