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Brasil: padres da ilha de Marajó se mobilizam pela permanência do bispo emérito dom Azcona

Dom José Luís Azcona Hermoso

Dom José Luís Azcona Hermoso | Facebook

Dom José Luís Azcona Hermoso

Reportagem local - publicado em 15/12/23

Em 2009, dom Azcona denunciou gravíssimos casos de pedofilia e exploração sexual de crianças e adolescentes na ilha, um crime que envolveria políticos e empresários locais

Os sacerdotes da prelazia do Marajó, no Pará, divulgaram nota neste dia 13 de dezembro, via redes sociais, pedindo a permanência do seu bispo emérito dom José Luís Azcona Hermoso, assim como solicitaram esclarecimentos da nunciatura apostólica no Brasil sobre a recente determinação de que o prelado deixe o território da prelazia.

De fato, um comunicado da prelazia firmado pelo administrador, pe. Kazimierz Antoni Skorki, e veiculado no último sábado, 9, informava que o núncio apostólico dom Giambattista Diquattro havia telefonado para dom Azcona para lhe informar, sem dizer os motivos, que ele não poderia permanecer no território.

Veículos locais de imprensa, como o jornal O Liberal, publicaram que dom Azcona tem até janeiro para sair da ilha. Em janeiro toma posse o novo bispo de Marajó, dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, nomeado pelo Papa Francisco em novembro.

A nota dos padres

Os clérigos da prelazia, em sua nota deste dia 13, declaram que “o desejo do povo pela permanência de dom José Azcona no território marajoara corresponde com o nosso”.

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Eles também informam que, no seu encontro anual em Belém, se reuniram “na presença fraterna de dom José Ionilton Lisboa de Oliveira-SDV, bispo nomeado para a prelazia do Marajó”, e manifestaram “solidariedade e apoio às manifestações em favor da permanência de dom José Luís Azcona Hermoso”. As manifestações em questão foram feitas pelos fiéis locais tanto nas redes sociais quanto em diversos locais da prelazia.

Os padres de Marajó acrescentam, em sua nota, que enviaram carta à nunciatura apostólica no Brasil, “juntamente com dom José Ionilton, em espírito de comunhão”, solicitando “esclarecimentos sobre a decisão pela saída de dom José Azcona do território da prelazia do Marajó” e “que tal decisão, para o bem dos fiéis, seja revista”.

Quem é dom José Luís Azcona

Espanhol de Pamplona, onde nasceu em 28 de março de 1940, dom Azcona é religioso da ordem dos agostinianos recoletos e veio para o Brasil em 1985, tendo cumprido a missão como bispo de Marajó de 1987 até 2016, quando renunciou por idade. Ele continua vivendo na ilha desde então.

Em 2009, dom Azcona denunciou gravíssimos casos de pedofilia e exploração sexual de crianças e adolescentes na ilha, um crime que envolveria políticos e empresários locais. A gravidade da denúncia levou à criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa do Pará e no próprio Congresso Nacional. Dom Azcona passou a sofrer ameaças de morte em decorrência das suas denúncias.

Dom Azcona também se manifestou enfaticamente contrário a pautas do Sínodo da Amazônia de 2019, com críticas ao instrumentum laboris e ao documento final. Ele lamentou, por exemplo, a “ausência de Cristo Crucificado” no instrumentum laboris, denunciando o que considerou como a omissão da essência do anúncio evangelizador no documento de trabalho do sínodo.

Além disso, defendeu o celibato sacerdotal contra alegações enviesadas ideologicamente de que os povos indígenas seriam incapazes de compreendê-lo; questionou a parcialidade do documento ao omitir qualquer menção ao pecado entre os povos indígenas; e apontou o escândalo da idolatria no uso de imagens da “Pachamama” em eventos do sínodo.

O bispo ainda criticou a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), questionando o que descreveu como “pensamento único”, “ameaçador por ser um perigo para a liberdade de pensamento na Igreja da Amazônia”. E resumiu: “é uma Amazônia imposta”.

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